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Irã tem segundo turno presidencial com eleitorado apático

5 de julho de 2024

Eleições presidenciais no Irã devem repetir primeiro turno, marcado por uma baixa participação histórica de eleitores, descrentes sobre chance de reforma na ditadura fundamentalista

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iranianos votando
No primeiro turno, dos 61 milhões de eleitores aptos, apenas 24,54 milhões, ou 40%, foram às urnas Foto: Tasnim

Os eleitores do Irã estão indo às urnas em um segundo turno para escolher o sucessor do presidente Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero em maio, juntamente com o ministro das Relações Exteriores e outras autoridades.

Os dois candidatos que disputam o segundo turno na teocracia islâmica são o ultraconservador Saeed Jalili, 58 anos, linha-dura, ex-negociador com o Ocidente sobre o controverso programa nuclear do Irã, e Masoud Pezeshkian, 69 anos, cirurgião cardíaco e político reformista que foi ministro da Saúde de 2001 a 2005.

A TV estatal iraniana informou que as seções eleitorais abriram suas portas para os eleitores às 8 horas da manhã, horário local. A votação está oficialmente programada para terminar às 18h, mas geralmente é estendida até a meia-noite.

O resultado final será anunciado no sábado, embora números preliminares possam ser divulgados antes.

Há cerca de 60.000 seções eleitorais e mais de 61 milhões de eleitores aptos a votar no Irã, em meio a uma população de 85 milhões.

Eleição com poucas mudanças

Embora não seja esperado que nenhum dos dois homens traga grandes mudanças para as políticas internas ou externas do Irã, o novo presidente iraniano poderá desempenhar um papel importante na seleção do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, que detém o real poder na ditadura islâmica e que conta hoje com 85 anos.

aiatolá Ali Khamenei
O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, votando no segundo turnoFoto: Atta Kenare/AFP/Getty Images

Analistas dizem, no entanto, que a vitória de Jalili, que sempre expressou sua hostilidade em relação ao Ocidente, pode trazer uma política interna e externa ainda mais antagônica por parte de Teerã.

Pezeshkian, que obteve cerca de 10% a mais de votos do que Jalili no primeiro turno, por outro lado, pode defender uma política externa mais branda, estar mais aberto a retomar as negociações com as grandes potências para restaurar o pacto nuclear e ser mais liberal em sua abordagem de questões sociais, como o uso do véu islâmico pelas mulheres, obrigatório desde 1983.

Eleitores desanimados

O segundo turno foi convocado depois que nenhum dos candidatos obteve mais de 50% dos votos na primeira rodada de 28 de junho. Dos 61 milhões de eleitores  convocados, apenas 24,54 milhões, ou 40%, votaram, menor taxa de comparecimento desde a revolução islâmica de 1979. Alguns oponentes, principalmente da diáspora iraniana, pediram um boicote às eleições.

Das 24,54 milhões de cédulas contadas do primeiro turno, o congressista e ex-ministro da Saúde Pezeshkian obteve 10,41 milhões de votos (42%), e Jalili, 9,47 milhões (38%).

Das 14 eleições presidenciais realizadas desde a revolução islâmica de 1979, apenas uma foi decidida em segundo turno, em 2005.

O novo turno ocorre em meio ao aumento das tensões regionais sobre a guerra entre Israel e os aliados iranianos Hamas em Gaza e Hisbolá no Líbano.

As eleições presidenciais iranianas ocorrem sob os holofotes internacionais, pois além de estar no centro de várias crises, o país causa precupações entre a comunidade internacional por causa do seu programa nuclear.

Na frente doméstica, o Irã enfrenta uma economia em crise, devido à má gestão e corrupção estatal e sanções reimpostas desde 2018, depois que os EUA se retiraram do acordo nuclear de 2015. Depois disso, o Irã passou a abandonar vários aspectos do acordo.

O comparecimento às eleições iranianas caiu nos últimos quatro anos e críticos dizem que isso reflete a queda do apoio ao governo teocrático do país, à medida que as dificuldades econômicas aumentam e as liberdades políticas e sociais são fortemente restringidas.

A eleição de 2021, que levou Raisi ao poder, registrou um comparecimento de apenas 48% dos eleitores e o pleito parlamentar de março, de apenas 41%.

lr (Reuters, AP, DPA)