Falsários
1 de setembro de 2011Anúncio
Embora esteja morto desde 1992, ele se transformou, no último ano, em uma questionável celebridade: o comerciante Werner Jägers, com sua coleção, está sendo relacionado a um dos maiores escândalos no mercado de artes do pós-guerra.
Em setembro do ano passado, veio à tona que um grupo de falsificadores havia introduzido no mercado supostas obras de artistas como Heinrich Campendonk, Max Pechstein, Fernand Léger e Max Ernst, através de casas como Christie’s, Sotheby’s e Kunsthaus Lempertz, bem como de renomadas galerias parisienses. O argumento era que tais obras teriam sido redescobertas, depois de desaparecidas por muito tempo.
Os falsários declararam como origem das obras uma herança deixada pelo falecido avô, Werner Jägers. No entanto, a procuradoria de Colônia desmascarou as supostas obras como plágios indubitáveis. O caso de outras 33 pinturas ainda está sendo investigado por uma comissão internacional.
Mercado europeu foi enganado durante anos
Eles não só mentiam sobre a procedência das obras, declaradas como coleções herdadas de seus avôs, de supostos colecionadores e de amigos dos pintores em questão, mas também falsificavam as provas de origem dos quadros, em cujo verso eram coladas etiquetas de galeristas e colecionadores conhecidos. Pois um falsário que se preza não precisa, hoje em dia, apenas de uma obra falsificada, mas também de uma explicação plausível para a sua origem.
Até Werner Spies se equivocou
Em Paris, o comprador de uma das obras falsas move uma ação contra Spies por ressarcimento de danos. Já no processo que acontece em Colônia, o especialista é apenas testemunha – uma entre as 168 que serão ouvidas nas 40 audiências até março de 2012.
Aprendizado para todos
Sobretudo o equívoco de Werner Spies faz com que este caso seja um aprendizado real para o mercado de artes, explicitando um erro evidente do sistema: a suposta expertise daqueles que entendem do assunto. Historiadores da arte, herdeiros e administradores de acervos privados examinam obras, na maioria das vezes apenas a olho nu. Mas equivocadamente, como prova o caso atual.
Seria possível dar uma explicação psicológica para esses pareceres positivos, ou seja, será que os especialistas ficam de tal forma entusiasmados frente ao suposto surgimento de obras desaparecidas, que perdem o olhar crítico? Ou marchands e especialistas nem olham direito para as tais obras porque estão mais interessados nas somas que vão ganhar com as vendas? Em alguns casos, não há pareceres escritos sobre as obras, e há quem as analise sem ver o original, mas somente através de fotografias.
Exames químicos são também há muito usuais no mercado de artes, sobretudo porque uma análise de material, hoje em dia, não significa de forma alguma uma intervenção na obra em questão.
Valor recorde por obra falsificada
O atual escândalo foi desencadeado, entre outros, também pela análise química das cores das obras. Em um suposto quadro do expressionista Heinrich Campendonk, foi detectado um pigmento suspeito, o branco titânio, que, na suposta data de origem da obra, ainda nem existia no mercado. E exatamente esta obra havia sido leiloada pela Kunsthaus Lempertz, em Colônia, por 2,4 bilhões de euros, o valor mais alto pago por um Campendonk na história.
O processo não vai provavelmente conseguir esclarecer se os envolvidos descumpriram suas obrigações de examinar com exatidão a autenticidade das obras, já que as ações são movidas contra os marchands individualmente. Uma coisa, porém, é certa: os colecionadores, no futuro, certamente não vão dispender somas de dinheiro tão altas sem um exame técnico das obras em questão.
Autora: Christel Wester (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
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