Imprensa árabe comenta atentados em Londres
10 de julho de 2005O moderado al-hayat, publicado em Londres e distribuído em todo o mundo árabe, comentou os ataques terroristas que abalaram a capital britânica na última quinta-feira (07/07) desta forma:
"Não é de surpreender que o terror tenha alcançado Londres. Pois a atuação da Grã-Bretanha na guerra anglo-americana contra o Iraque transforma o país em um dos principais alvos dos terroristas. Entretanto, não se trata de uma declaração de guerra, mas de um novo capítulo na terceira guerra mundial, que teve início com o 11 de setembro de 2001. E o mais notável nesta guerra – em comparação às guerras clássicas – é o fato de os grandes poderes de hoje não estarem em condições nem de identificar, nem de localizar seu 'inimigo'. […] Essa guerra não será encerrada com apenas uma batalha; muito mais necessários serão longo fôlego, estratégias elaboradas e uma nova atitude política, e não uma guerra que viole leis internacionais e estimule toda uma geração de novos terroristas no Iraque pós-Saddam."
Abd al Bari Atwan, redator-chefe do famoso jornal Al-Quds Al-arabi, de orientação pan-arábe e nacionalista, condenou os ataques terroristas a Londres. No entanto, ele salienta a responsabilidade que a política – equivocada, em sua opinião – das nações ocidentais em relação ao Oriente representa.
"Obviamente condenamos estes ataques a civis inocentes. No entanto, é preciso levar em conta todo um desenvolvimento: primeiro, a guerra no Afeganistão destruiu completamente a infra-estrutura da Al Qaeda. Depois veio a guerra no Iraque em 2003, que concedeu a essas organizações terroristas um lugar de refúgio e um novo campo de ação. Graças à insensata política norte-americana, a Al Qaeda pôde ressurgir das ruínas do regime de Saddam. E ela encontrou um enorme paraíso, rico em tudo de que o terrorismo necessita: milhares de toneladas de material explosivo, uma horda de mártires suicidas e uma enorme quantidade de armamentos. A 'libanização' do Iraque se tornou realidade. A nova guerra é ilimitada e o terror é um meio para esta guerra."
O periódico pró-saudita Asharqalawsat tentou analisar a lógica da Al Qaeda:
"A Al Qaeda possui apenas objetivos niilistas, pois ela pretende destruir a civilização humana e nossa vida liberal, tolerante. Por esse motivo, é essencial seguirmos uma contra-estratégia tríplice: em primeiro lugar, é preciso eliminar o meio cultural onde o terrorismo floresce; depois, é preciso destruir suas capacidades operativas; por último, é necessário combatê-la midiaticamente, de modo a fazer malograr seu sucesso, que é baseado na atenção dada pela mídia".