Imprensa alemã vê fim da crise econômica brasileira
4 de setembro de 2002"As turbulências foram de início superadas", afirma Nicolas Schlotthauer, especialista em questões relativas ao Brasil do banco alemão Deka-Bank em entrevista ao Financial Times Deutschland (FTD), na edição da última terça-feira (3/9). Também para Humberto Santamaria, da filial do Dresdner Bank em São Paulo, "começou uma fase de calma".
Segundo análises do jornal, a possível falência da economia brasileira, prognosticada há pouco entre bancos europeus, pode estar, em princípio, distante da realidade. O perigo de "contágio" por outros países emergentes torna-se, assim, "improvável".
Para o FTD, a principal razão do período de calma estaria nas recentes declarações de Luís Inácio Lula da Silva, de que, caso eleito, não pretende declarar a moratória da dívida externa do país. Apesar do otimismo, o jornal alerta para uma perpetuação do risco Brasil. "As condições da dívida continuam sendo um desafio", afirma o especialista Schlotthauer.
Para Santamaria, do Dresdner Bank, todo cuidado é pouco, uma vez que grande parte das dívidas são atreladas ao câmbio do real em relação ao dólar. Apenas em julho último, a dívida externa brasileira subiu de 57,9% para 61,9% do PIB do país.
A economista Barbara Fritz, do Insituto Ibero-Americano, afirma em entrevista ao FTD que os saldos positivos da balança comercial se devem à drástica redução das importações. "E isso pode ser creditado ao lento crescimento da economia do país. Tão logo a economia volte a crescer, o déficit da balança comercial deve voltar a subir", analisa Fritz.