"Il professore" na disputa eleitoral italiana
7 de abril de 2006Os italianos o chamam carinhosamente de "il professore" e admiram seu jeito discreto de ser. Seu nome é associado a conhecimento e competência. Romano Prodi sabe como manter o contato com as pessoas: arrogância é algo que ele não conhece, apesar de sua longa formação acadêmica.
Aos 66 anos de idade, é o líder da coalizão de centro-esquerda, defende a valorização da Constituição italiana, assim como a liberdade de expressão e o bem-estar social. Prodi quer voltar ao governo que já chefiou entre 1996 e 1998.
Um homem de família
Romano Prodi nasceu no dia 9 de agosto de 1939, como a oitava criança de uma prole de nove, em Scandiano, na região da Emilia Romana, no norte da Itália. Casou-se em 1969 com Flavia Prodi Franzoni. Juntos, têm dois filhos. "Eu gosto de estar cercado por muita gente – na minha família, somos agora, ao todo, 55 pessoas."
Romano Prodi estudou Jurisprudência na Universidade Católica de Milão, onde se formou com honras em 1961. Deu prosseguimento aos estudos na renomada London School of Economics. De 1971 a 1999 foi catedrático de Economia e Política Industrial na Universidade de Bolonha.
Itália pronta para receber o Euro
Oriundo da antiga Democracia Cristã, "o professor" disputa, dez anos depois, novamente a presidência do Executivo. E, mais uma vez, enfrenta nas urnas o líder de centro-direita, Silvio Berlusconi.
Prodi começou sua experiência política no final da década de 1970, quando, ainda sem partido, foi ministro da Indústria de Giulio Andreotti. Chegou ao poder em 1996 com a Oliveira, coalizão com a qual levou os ex-comunistas ao governo. Foi a primeira vez na história da Itália que os herdeiros do Partido Comunista chegaram ao Palácio Chigi, sede do Executivo.
Com um rigoroso programa de economia, Prodi conseguiu preparar a Itália para a chegada da moeda unificada da União Européia, o euro. Em 1998, o aliado Partido da Refundação Comunista, de linha mais ortodoxa, retirou o apoio a Prodi por não concordar com sua lei de orçamentos. A aliança enfrentou diversas crises, e o político acabou caindo no Parlamento por um voto de diferença, vendo-se obrigado a renunciar. Foi sucedido por Massimo D'Alema.
Pouco depois, Romano Prodi mudou-se para Bruxelas, onde presidiu a Comissão Européia, órgão executivo da União Européia, até 2004.
Exigência de demissão
Romano Prodi colheu, em 2002, o mau-humor generalizado e a exigência de demissão quando julgou o Pacto de Estabilidade do Euro como "burro" e recomendou uma interpretação mais flexível. Com isso, derrubou a credibilidade e a capacidade de negociação da instituição da União Européia. Irregularidades financeiras no Departamento Europeu de Estatísticas, Eurostat, em 2003, arranharam a imagem do político italiano.
Entre os triunfos de seus tempos como presidente da Comissão, estão a ampliação da União Européia para o Leste e o encaminhamento de uma Constituição para o bloco.
Um segundo mandato de Prodi não foi aprovado pelos chefes de governo da União Européia. Seu manifesto "Europa: O Sonho, as decisões" recebeu duras críticas e foi visto por muitos mais como um auxílio à política interna italiana do que um incentivo a um debate em nível europeu. Prodi foi acusado de usar o posto de presidente da Comissão para promover seu poder político na Itália.
De volta à política italiana
Ao contrário de Berlusconi, Prodi se apresenta em sua campanha política como uma pessoa modesta, valoriza fatos e argumentos em vez de encenações. Sua promessa é impulsionar a Itália. Política econômica tem prioridade para ele e o político conta com a credibilidade dos italianos.
O país precisa lutar contra a recessão e o déficit econômico. "Nos últimos anos, os ricos ficaram mais ricos e os pobres ficaram mais pobres", diz Prodi, colocando a culpa no atual governo. O político promete desenvolver o sul do país, economicamente enfraquecido.
Mais uma vez aliado à Refundação Comunista, Prodi faz questão de dizer que tem um programa "assinado". Acabar com a evasão fiscal, que chega a 200 bilhões de euros, e promover a reforma judiciária também estão entre suas promessas. Prodi se comprometeu a retirar as tropas italianas do Iraque, mas somente após uma negociação com Bagdá.