Hungria desafia União Europeia e apoia Polônia
22 de dezembro de 2017O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, disse nesta sexta-feira (22/12) que o governo húngaro vê a Polônia como um vital componente da Europa Central dentro da União Europeia (UE) e que, portanto, formará um "bloqueio intransponível" contra os esforços de Bruxelas para suspender os direitos de voto de Varsóvia na UE.
Nesta semana, a Comissão Europeia ativou o Artigo 7 do Tratado da União Europeia contra a Polônia. O processo legal inédito marca o ápice de uma disputa que se estende por dois anos. A medida foi acionada devido às polêmicas reformas do sistema judicial polonês, que Bruxelas considera contrárias ao Estado de Direito. Caberá agora aos Estados-membros decidir se a Polônia está violando os valores europeus.
"Precisamos deixar claro para a UE que é inútil iniciar procedimentos contra a Polônia, pois não há chances de isso passar – porque a Hungria estará lá e formará um obstáculo insuperável", disse Orbán.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, afirmou que o partido governista da Polônia, o nacionalista-conservador Lei e Justiça (PiS), aprovou 13 legislações nos últimos dois anos que criaram uma situação em que o Estado "pode interferir sistematicamente na composição, nos poderes, na administração e no funcionamento" do Judiciário.
O Artigo 7 foi concebido para dissuadir Estados-membros da UE de avançar políticas que ameaçam as instituições democráticas. Se os Estados-membros concordarem com a recomendação da Comissão Europeia de desencadear o Artigo 7, a Polônia pode ter seus direitos de voto suspensos. Para tal, é preciso o voto favorável de uma maioria de dois terços.
Orbán afirmou que a Polônia foi criticada de forma injusta e desleal. "Se alguém ataca a Polônia, este alguém ataca toda a Europa Central", disse o primeiro-ministro da Hungria à estação estatal de notícias Hirado.
O primeiro-ministro enfatizou que é do interesse da Hungria ser solidário com os poloneses e garantir que nenhuma sanção da União Europeia seja imposta contra eles, segundo a Hirado.
"A esmagadora maioria dos poloneses pensa sobre a imigração da mesma forma que os húngaros", disse Orbán.
Orbán destacou a decisão dos países do grupo Visegrád – Hungria, Polônia, República Tcheca e Eslováquia – de fornecer assistência financeira significativa à Itália para que esta barre migrantes nas fronteiras marítimas da UE. Orbán afirmou que milhões de pessoas da África migrarão nos próximos anos, com a rota passando pela Itália. O premiê húngaro concluiu que esta rota deveria ser fechada, e a Itália, protegida.
PV/rtr/efe/dpa/afp
_______________
A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App