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Humanidade sofre "epidemia de calor extremo", alerta ONU

26 de julho de 2024

Nações Unidas pedem ação global para reduzir mortes associadas às altas temperaturas turbinadas pela mudança climática, que fazem mais vítimas do que tempestades ou inundações.

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Mulheres bebendo água de uma bica em Prayagraj, na Índia
Mulheres se hidratam durante onda de calor em Prayagraj, na Índia: idosos, crianças, doentes e pobres são os mais vulneráveis ao calor extremoFoto: Anil Shakya/AFP via Getty Images

A humanidade está sofrendo com uma "epidemia de calor extremo", alertou nesta quinta-feira (25/07) o Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.

"Bilhões de pessoas estão enfrentando uma epidemia de calor extremo, murchando sob ondas de calor cada vez mais mortais, com temperaturas ultrapassando os 50ºC em todo o mundo", disse. "Isso é a meio caminho da fervura."

Guterres destacou que a segunda-feira foi o dia mais quente já registrado, superando o recorde estabelecido apenas um dia antes, e pediu ações para limitar o impacto das ondas de calor, que estão sendo exacerbadas pela mudança climática, e conter o aquecimento global.

Calor mata mais que enchentes

Embora muitas vezes menos visível que outros efeitos devastadores da mudança climática, como tempestades ou inundações, o calor intenso é mais mortal: ceifou cerca de 489 mil vidas a cada ano entre 2000 e 2019 – bem menos que as 16 mil vítimas de ciclones, segundo o relatório "Chamado à Ação contra o calor extremo", lançado pela ONU nesta quinta-feira.

Guterres instou a comunidade internacional a adotar medidas para reduzir as mortes relacionadas ao calor, a começar pelos cuidados dos mais vulneráveis: pobres, idosos, jovens e doentes.

"O calor paralisante está em toda a parte, mas não afeta todos igualmente", explicou Guterres. "O calor extremo amplifica a desigualdade, inflama a insegurança alimentar e empurra as pessoas ainda mais para a pobreza."

Sistemas de alerta de calor podem salvar vidas

A ONU também pediu melhores avisos de ondas de calor, mais "resfriamento passivo", melhor design urbano, mais proteção para trabalhadores ao ar livre e maiores esforços para combater as mudanças climáticas causadas pelo homem, que exacerba os extremos climáticos, e limitar o aquecimento global a 1,5ºC – algo que cientistas alertam que não ocorrerá se a humanidade não reduzir a queima de combustíveis fósseis e não detiver o desmatamento.

Segundo Guterres, cálculos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente mostram que a adoção de medidas de mitigação do calor podem "proteger 3,5 bilhões de pessoas até 2050", reduzir as emissões e economizar "1 trilhão de dólares (R$ 5,64 trilhões) por ano aos consumidores", disse Guterres, citando uma estimativa.

O documento lançado pela ONU nesta quinta afirma, com base em estimativas da Organização Mundial da Saúde e da Organização Meteorológica Mundial, que sistemas melhores de alerta de calor em 57 países poderiam salvar 98.314 vidas por ano.

Domingo, segunda e terça-feira passadas foram os dias mais quentes já registrados

De acordo com o Copernicus, o serviço climático da União Europeia, os dias 21, 22 e 23 de julho deste ano foram os três mais quentes já registrados pelo órgão, superando a marca anterior, de 2023. O dia 22 foi o recordista absoluto, com uma temperatura média mundial de 17,16ºC.

Temperaturas muito acima de 40ºC estão se tornando mais comuns. E 2023, ano mais quente já registrado, caminha para ser ultrapassado por 2024.

ra (AP, AFP)

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