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Herança judaica em Erfurt vira Patrimônio da Unesco

18 de setembro de 2023

Construídos na Idade Média no centro da cidade alemã, Antiga Sinagoga, Mikveh e Casa de Pedra entram para lista de bens culturais protegidos.

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Edifício de sinagoga da Idade Média em Erfurt
Edifício da sinagoga, cuja construção remete a 1094, abriga atualmente um museu que exibe evidências da vida judaica na Erfurt medievalFoto: Dirk Urban/Stadtverwaltung Erfurt

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) concedeu neste domingo (17/09) o título de Patrimônio Mundial Cultural a três construções judaicas medievais localizadas no centro de Erfurt, na Alemanha. A decisão foi tomada durante o encontro da entidade em Riad, na Arábia Saudita.

Foram incluídos na lista de Patrimônio Mundial Cultural a Antiga Sinagoga, um local de rituais de banho chamado Mikveh, descoberto somente há 16 anos, e a Casa de Pedra, um histórico prédio residencial.

O edifício da Antiga Sinagoga, cuja construção remete a 1094, abriga atualmente um museu que exibe as evidências da vida judaica na Erfurt medieval, incluindo milhares de moedas e barras de prata, além de trabalhos de ourives em ouro e prata dos séculos 13 e 14.

A perseguição aos judeus durante um pogrom em 1349 fez com que a comunidade judaica em Erfurt fosse praticamente dizimada. A sinagoga foi, então, transformada em depósito e, mais tarde, usada como restaurante e salão de baile, motivo pelo qual teria sido poupada pelos nazistas da destruição, segundo pesquisadores.

Esse é a segunda vez que bens culturais judaicos na Alemanha recebem o título de Patrimônio Mundial da Unesco. O país europeu possui no total 52 sítios nesta lista da Unesco.

Em 2021, construções medievais judaicas em Mainz, Worms e Speyer, conhecidas SchUM – termo se refere a associação de comunidades judaicas na região do alto Reno na Idade Média – foram incluídos na lista da Unesco. Centros comunitários, monumentos e cemitérios fazem parte deste sítio e, bem preservados, são testemunhos das antigas tradições judaicas nessa região.

Interior de edifício tombado pela Unesco em Erfurt com lápides antígas com escritos em hebraico
Interior de edifício tombado pela Unesco em Erfurt com lápides antígas com escritos em hebraicoFoto: Stadtverwaltung Erfurt/Norman Hera

Na Turíngia, o castelo deWartburg, os edifícios Bauhaus em Weimar e o Parque Nacional Hainich também são Patrimônio Mundial da Unesco.

Legado contra o ódio e o preconceito

A embaixadora alemã na Unesco, Kerstin Püschel, disse que a proteção da entidade a esses locais é um passo importante para a valorização das raízes comuns do judaísmo e do cristianismo na Alemanha e em toda a Europa.

"É a coroação de anos de preparações meticulosas", comemorou o prefeito de Erfurt, o social-democrata Andreas Bausewein. "Agora que Erfurt foi honrada com o título de Patrimônio Mundial, temos que cuidar e proteger esse tesouro como o que possuímos de mais precioso." 

O governador da Turíngia, Bodo Ramelow, disse que o status dá novo impulso aos "esforços conjuntos da cidade e do estado para preservar esses locais históricos e compartilhar sua diversificada história com o público". A premiação, segundo ele, serve como lembrança de "como é necessário rejeitarmos de maneira decisiva o ódio e a violência contra os judeus em qualquer época". 

Por que é tão difícil acabar com o antissemitismo?

O bispo católico de Erfurt, Ulrich Neymeyr, disse que o novo status dos locais históricos na cidade implica na obrigação de combater o ódio aos judeus, lembrando que os monumentos servem com lembrança do auge da vida judaica na região, mas também da violência e rejeição que essa comunidades enfrentam ainda nos dias atuais.

"Os judeus ainda não conseguem viver em segurança na Alemanha, o que parece algo cada vez menos possível de se atingir. Isso é escandaloso. Agir contra isso e descobrir as raízes comuns que conectam judeus e não-judeus é uma obrigação que vem junto com o título de patrimônio mundial", disse o clérigo.

rc/cn (DW, DPA, KNA)