Guaíba tem maior cheia já registrada após chuvas no RS
Publicado 2 de maio de 2024Última atualização 4 de maio de 2024O número de mortos em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul chegou a 57, enquanto 67 pessoas estão desaparecidas e outras 74 ficaram feridas, de acordo com boletim da Defesa Civil divulgado neste sábado (04/05). Os temporais causaram estragos em ao menos 300 dos 496 municípios do estado e afetaram mais de 420 mil pessoas. Mais de 860 mil famílias estão sem água, e 350 mil imóveis estão sem luz.
Na tarde desta sexta-feira, o governador do estado, Eduardo Leite, disse que a situação ainda é crítica especialmente nas regiões central, vales e serra.
Ele também fez um alerta para os moradores de Porto Alegre e região metropolitana, por causa da cheia do Lago Guaíba, que bateu neste sábado a marca de 5,04 metros, a maior enchente da história, de acordo com informação da Defesa Civil de Porto Alegre. O recorde anterior era de 4,76 metros, registrado na cheia histórica de 1941.
A Defesa Civil informou neste sábado que mais de 42 mil pessoas estão fora de casa, sendo 9,5 mil em abrigos e 32,6 mil desalojadas, na casa de familiares ou amigos.
Na quarta-feira, o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública devido às chuvas intensas que atingem o estado. No dia seguinte, a barragem 14 de Julho, na Serra Gaúcha, colapsou parcialmente. As autoridades locais pediram para que a população da região saia o mais rápido possível de suas casas. Ao menos 19 barragens no estado estavam em estado de alerta ou atenção.
Eduardo Leite afirmou que as chuvas já prenunciam o "maior desastre da história" gaúcha em termos de prejuízo material. Segundo ele, a situação é "pior" do que a registrada no ano passado, quando as inundações causaram mais de 50 mortes e grandes danos materiais.
"Infelizmente, este será o maior desastre que nosso estado já enfrentou. Infelizmente, será maior do que o que assistimos no ano passado", afirmou Leite a coletiva de imprensa no início da noite em Porto Alegre.
Devastação
A Defesa Civil afirmou que a maior parte das bacias hidrográficas do estado correm risco de inundação. Há ainda risco de deslizamentos, especialmente na Serra e nos vales dos rios Taquari e Caí.
As aulas nas escolas da rede pública estadual também foram suspensas até esta sexta-feira.
A previsão do tempo é de que há ainda risco de chuva no Rio Grande do Sul pelo menos até este sábado. Nos últimos quatro dias, choveu no estado o equivale a três vezes a média para esta época do ano, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Estamos vivendo um momento muito crítico no estado", acrescentou Leite antes de usar expressões como "guerra" e "caos" para se referir à situação. De acordo com o governador, deslizamentos de terras estão ocorrendo em boa parte do estado e barragens estão sendo monitoradas, embora ainda não haja evidência de risco de rompimento dessas estruturas.
Apoio do governo federal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silvavisitou o estado na quinta-feira. Após desembarcar em Santa Maria, o presidente se reuniu com o governador e outras autoridades locais, além de prestar solidariedade às famílias afetadas. Lula prometeu ainda recursos federais para ajudar o estado.
"Em um primeiro momento, temos que salvar vidas. Em um segundo tempo, vamos fazer a avaliação dos danos e buscar dinheiro para reparar", afirmou Lula. "É o segundo em um ano que acontece. Então é preciso que a gente comece a ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho, com muito mais amor", acrescentou.
Segundo o Ministério da Defesa, desde esta quarta-feira, 335 militares da Aeronáutica, Exército e Marinha foram mobilizados para prestar apoio à população gaúcha, com ajuda de 12 embarcações, cinco helicópteros e 43 viaturas, além de equipamentos para transporte de material e pessoal. Os governos de outros estados, como São Paulo e Santa Catarina, também ofereceram ajuda.
md/cn/ra (EBC, ots)