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Mercado de trabalho

Agências (rr)30 de março de 2008

Governo e setor privado começam a considerar o pleno emprego uma meta real na Alemanha. Sindicatos, no entanto, argumentam que isto só será alcançado após guinada política, com mais investimentos em educação e pesquisa.

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Não há sociedade sem desemprego, lembra IgrejaFoto: AP

Após anos de altas taxas de desemprego, governo, setor privado e sindicatos voltam a considerar o pleno emprego, situação na qual a demanda por emprego é semelhante à oferta, uma meta real na Alemanha.

Segundo o ministro alemão da Economia, Michael Glos, o país atualmente caminha nesta direção e, "se fizer as escolhas certas, poderia alcançar o pleno emprego já na próxima década". Em entrevista ao jornal Bild am Sonntag, Glos salientou que 1,6 milhão de pessoas foram salvas do desemprego e que, a cada dia, são criadas 1,4 mil vagas na Alemanha.

Bischof Wolfgang Huber
Bispo luterano Wolfgang HuberFoto: picture-alliance/ dpa

Entretanto, Glos advertiu para o perigo representado pelo estabelecimento de salários mínimos. "Quem exigir salários mínimos, estrangulando o motor que é o emprego temporário e encarecendo o trabalho, estará aceitando o retorno ao insuportável desemprego dos últimos 20 anos, com taxas de até 5 milhões de desempregados."

Opinião semelhante defende o presidente da Confederação das Associações de Empregadores Alemães (BDA), Dieter Hundt. Para ele, as mudanças causadas pelo programa de reformas do sistema social Agenda 2010 contribuíram decididamente para a geração de mais de um milhão de novas vagas nos últimos dois anos. "Com isso, ficamos muito mais próximos do pleno emprego."

No entanto, Hundt alerta que a política deveria seguir seu caminho de sucesso, em vez de dar ouvidos às críticas do partido A Esquerda. "Esqueçam os salários mínimos, que elimina empregos e destrói existências."

Sindicatos cobram nova política

Embora também acreditem na possibilidade do pleno emprego na Alemanha, os sindicatos apostam em outros instrumentos. "O pleno emprego é necessário e possível, mas, para que sejam gerados mais de três milhões de empregos, será necessária uma nova política", explicou o presidente da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB), Michael Sommer.

"Com maior pressão sobre a população desempregada, baixas taxas de impostos para os ricos e a redução da aposentadoria, que é a política da Agenda 2010, não criaremos nem um emprego sequer", alerta. Em vez disso, seria necessário aumentar os investimentos públicos em educação, pesquisa e meio ambiente. "Além do mais, salários mínimos e aumentos salariais ajudam a superar a constante crise do mercado consumidor."

O presidente do Conselho dos Cinco Sábios, Bert Rürup, também se mostrou otimista. "Pleno emprego é possível. A médio prazo, o nível de desemprego poderia ser reduzido a três ou quatro por cento", disse.

Deutschland Konjunktur Wirtschaftsminister Michael Glos
Ministro da Economia, Michael GlosFoto: AP

Igreja pede moderação

No entanto, o presidente do Conselho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (EKD), bispo Wolfgang Huber, aconselhou mais moderação, lembrando que nunca existirá uma sociedade sem desemprego.

"Por isso, prevenção e respeito aos desempregados continuam sendo essenciais." Huber também aposta no investimento em educação como chave contra o desemprego. "Além disso, empresas que lucram com a globalização deveriam investir no mercado alemão e criar empregos aqui".

Na próxima terça-feira (01/04), a Agência Federal do Trabalho divulgará o atual índice de desemprego. Especialistas consultados pelo jornal Bild am Sonntag acreditam que haja pelo menos 100 mil desempregados a menos, com o total girando em torno de 3,5 milhões – cerca de 600 mil a menos que no mesmo período do ano passado. Isso significaria uma taxa de desemprego de 8,5%.