G7 se compromete a combater o protecionismo
10 de junho de 2018Os líderes dos países industrializados do G7 assinaram, ao final da cúpula do grupo neste sábado (09/06), uma declaração conjunta em que se comprometem a combater o protecionismo, num momento em que os Estados Unidos são alvo de críticas pela imposição de tarifas comerciais.
Segundo o documento, as sete nações concordaram com a necessidade de um "comércio livre, justo e mutuamente benéfico". "Nós nos esforçamos para reduzir barreiras tarifárias, barreiras não tarifárias e subsídios", diz o texto emitido após dois dias de reuniões em La Malbaie, no Canadá.
A declaração de oito páginas também incluiu um compromisso conjunto de impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã, embora não tenham sido incluídos no texto detalhes de como isso será alcançado.
"Estamos comprometidos em garantir permanentemente que o programa nuclear iraniano continue pacífico, em linha com suas obrigações internacionais e compromissos de nunca buscar, desenvolver ou adquirir uma arma nuclear", afirma o documento.
Em relação ao clima, contudo, não houve um consenso entre os sete países. Sem os Estados Unidos, as demais nações rechaçaram a decisão do presidente americano, Donald Trump, de retirar o país do acordo climático de Paris no ano passado, sublinhando ainda mais a divisão dentro do G7.
Além disso, EUA e Japão se recusaram a se unir às demais nações e assumir compromissos concretos contra a poluição dos oceanos com lixo plástico. O objetivo do grupo é de que todo o lixo feito desse material seja reciclável até 2030.
"Os Estados Unidos são, em tese, a favor de proteger os oceanos, mas não querem participar com objetivos quantificáveis nesse sentido", afirmou a chanceler federal alemã, Angela Merkel.
A proposta de Trump para que a Rússia volte a fazer parte do grupo dos países industrializados, do qual foi expulsa em 2014 após a anexação da Crimeia, também não conseguiu apoio – exceto do primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte. Em relação ao país, o texto do G7 incluiu apenas exigências para que Moscou pare de minar as democracias ocidentais.
Divergências com Trump
O comunicado final, resumindo os pontos de consenso entre os países, é emitido tradicionalmente ao fim da cúpula que ocorre anualmente entre os líderes das nações do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais União Europeia.
O sucesso do documento conjunto, no entanto, vinha sendo ameaçado devido a divergências com o presidente dos EUA, sobretudo na questão do comércio.
As tensões provêm em grande parte da decisão de Trump de impor tarifas rígidas sobre as importações de aço e alumínio a cinco de seus seis parceiros do G7. Recentemente, iniciou também uma investigação comercial que poderá provocar tarifas adicionais sobre carros importados.
Além disso, o líder americano irritou aliados ao retirar Washington de acordos internacionais, como o pacto nuclear com o Irã – fechado em 2015 com China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha – e o Acordo de Paris – assinado por quase 200 países.
Comércio internacional
Apesar das divergências, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou neste sábado que os líderes chegaram a um acordo comum sobre a questão comercial, que "reafirma" o vínculo do G7 com a Organização Mundial do Comércio (OMC) e com as "regras internacionais".
Segundo Macron, o compromisso derivou de uma "vontade política" de lutar contra as "barreiras comerciais" que prejudicam o comércio internacional. Ele acrescentou que há um desejo conjunto de "cooperar" para que o comércio internacional seja livre.
Em aparente aceno a Trump, o comunicado do G7 ainda promete pressionar por reformas rápidas na OMC, que, segundo o presidente americano, tem sido um "desastre" para seu país. "Nós nos comprometemos a modernizar a OMC para torná-la mais justa o mais rápido possível", diz o texto.
Mais cedo em La Malbaie, Trump afirmou ser favorável a um mundo livre de tarifas, apesar de ele próprio ter imposto pesadas sobretaxas a adversários e aliados. Também ameaçou parar de comercializar com os países que mantiverem tarifas às exportações americanas.
As sobretaxas americanas à importação de aço e alumínio foram fortemente criticadas pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, ao fim da cúpula neste sábado. Segundo ele, trata-se de um "insulto" que provocará retaliação por parte de Ottawa a partir do próximo mês.
"É com pesar, mas com absoluta clareza e firmeza, que avançaremos com medidas retaliatórias em 1º de julho, aplicando tarifas equivalentes àquelas que os americanos aplicaram injustamente a nós", afirmou Trudeau. "Os canadenses são educados e razoáveis, mas não seremos intimidados."
Coreia do Norte
Trump, que foi o último líder a chegar a La Malbaie, deixou o Canadá antes do encerramento da cúpula, neste sábado, para viajar a Cingapura, onde será realizado um histórico encontro com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na próxima terça-feira.
Ao embarcar rumo à Ásia, o republicano afirmou haver "chances de se alcançar um resultado verdadeiramente maravilhoso para a Coreia do Norte o para o mundo".
"Certamente será um dia emocionante, e eu sei que Kim Jong-un trabalhará duro para fazer algo que raramente foi feito antes: criar paz e grande prosperidade para seu país", disse Trump no Twitter. "Estou ansioso para conhecê-lo e sinto que esta oportunidade única não será desperdiçada."
Segundo fontes diplomáticas, todos os membros do G7 demonstraram apoio aos esforços do presidente americano e do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a favor da desnuclearização completa da península coreana.
EK/afp/dpa/efe/rtr
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