França veta reforma
20 de junho de 2003O presidente da França anunciou o seu veto na quinta-feira à noite (19/06), pouco antes de começar o encontro de cúpula da União Européia, em Salônica, na Grécia.
Mas a União Européia reagiu com serenidade. "Na verdade não é nenhum drama", disse um porta-voz da Comissão Européia. As negociações sobre a reforma da política agrária serão retomadas na próxima quarta-feira, dia 25, em Luxemburgo, e o comissário de agricultura da UE, Franz Fischler, acha que um acordo será possível dentro em breve.
Subsídios agrícolas
A política agrária é ao mesmo tempo um dos suportes e espinhos da União Européia. Os agricultores europeus usufruem de generosos subsídios e podem se dar o luxo de produzir excedentes de alimentos. As cotas de subsídios são calculadas em função do volume de produção, ou seja: quanto mais produzem, mais os fazendeiros são premiados pela UE.Substituir a qualidade pela quantidade é exatamente um dos objetivos do projeto de reforma agrícola. As medidas propostas pelo comissário Fischler visam acabar com o excedente de cereais, leite e carne produzidos pela Europa. Os preços desses produtos seriam paulatinamente equiparados ao nível do mercado mundial.
A França, como maior potência agrícola da Europa - a segunda maior produtora de leite e a maior produtora de cereais -, será obviamente o país mais prejudicado pelas reformas.
As poderosas associações francesas de produtores rurais pressionaram o presidente Chirac para impedir a diminuição dos subsídios. Atualmente, a UE indeniza os agricultores e pecuaristas pagando a diferença entre os baixos preços do mercado mundial e os altos preços de referência da Europa.
Acordo em vista
Os funcionários da Comissão Européia em Bruxelas já estão calejados com disputas desta ordem. Uma das propostas para resolver o impasse seria, por exemplo, excluir as vacas leiteiras francesas do projeto de desvincular os subsídios ao volume de produção.
Esta desvinculação é uma forma de pressionar os agricultores europeus a produzir de acordo com a demanda real, e não para ganhar dinheiro da UE. Segundo a projeto de reforma, os fazendeiros seriam remunerados não pela produção, mas por uma série de benefícios vinculados à atividade agrícola: por exemplo a preservação da paisagem e do meio ambiente.