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PolíticaReino Unido

Foto mostra Johnson e funcionários do governo reunidos

20 de dezembro de 2021

Boris Johnson volta a ser alvo de acusações de hipocrisia após jornal divulgar imagem em que premiê britânico aparece em confraternização durante período em que Reino Unido estava sob confinamento.

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Großbritannien London | Ansprache Boris Johnson zu Omicron
Johnson já havia sido acusado de violar regras impostas pelo seu próprio governoFoto: Kirsty O'Connor/AFP/Getty Images

Uma foto publicada pelo jornal inglês The Guardian neste domingo (19/12) provocou novas críticas à conduta pessoal do primeiro-ministro Boris Johnson durante a pandemia. A imagem mostra Johnson reunido com funcionários do governo britânico em Downing Street, a residência oficial, degustando pizza, queijos, vinho e outras bebidas.

Ao todo, podem ser vistas 19 pessoas na foto, que teria sido feita em um encontro ocorrido em 15 de maio de 2020, uma sexta-feira, em meio ao confinamento imposto pelo governo a fim de conter a primeira onda de covid-19. Downing Street declarou que, naquele dia, ocorreram encontros oficiais no jardim.

"As reuniões de trabalho ocorrem com frequência no jardim de Downing Street nos meses de verão. Nesta ocasião, houve reuniões de pessoal após uma coletiva de imprensa. Downing Street é a casa do primeiro-ministro, bem como seu local de trabalho. A esposa do primeiro-ministro também vive no local e, portanto, também usa o jardim", disseram os porta-vozes.

A imagem, no entanto, levanta dúvidas sobre se houve mesmo uma reunião de trabalho ou uma espécie de confraternização, uma vez que há evidências de falta de distanciamento social e grupos de pessoas em mesas e também em pé. A mulher de Johnson, Carrie, está em uma das mesas, aparentemente segurando o filho então recém-nascido do casal.

À época, no Reino Unido, o governo orientava a população a limitar encontros com pessoas de casas diferentes a no máximo dois indivíduos e apenas ao ar livre e com pelo menos dois metros de distância. Em locais de trabalho, reuniões presenciais só deveriam ocorrer se fossem "absolutamente necessárias”.

O Guardian informou que a fotografia foi divulgada depois que o gabinete de Johnson, na semana passada, negou a realização de um evento social na ocasião, argumentando que os funcionários estavam trabalhando no jardim à tarde e à noite.

No mesmo dia em que a imagem foi feita, o então secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, havia reforçado, durante entrevista coletiva de imprensa, para que as pessoas respeitassem as regras e não aproveitassem o bom tempo do final de semana para socializar em grupos.

Dúvidas e críticas pressionam Johnson

A crescente indignação do público com as imagens e supostos eventos sociais levantaram dúvidas sobre a autoridade de Johnson dentro do Partido Conservador, uma vez que ministros consideram impor novas restrições para controlar um surto nos casos de covid-19 - principalmente devido à nova variante ômicron. O partido também perdeu um assento parlamentar de longa data devido a uma eleição suplementar na semana passada.

Enquanto o vice de Johnson, Dominic Raab, insiste que "Downing Street usa o jardim como local de trabalho, e isso não é contra as regras”, opositores aproveitaram para questionar ainda mais o trabalho e as atitudes de Johnson à frente do país.

"Pergunte-se: isso é mesmo uma reunião de trabalho? Ou um evento social? Acho que a resposta é bastante óbvia. Naquele período, ocorriam funerais aos quais poucas pessoas puderam ir para lamentar a morte de alguém próximo… Esse é o contraste”, argumentou Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista.

No dia 8 de dezembro, Johnson veio a público pedir aos britânicos que obedeçam às mais recentes e severas restrições para evitar o alastramento do coronavírus. O pedido, no entanto, ocorreu depois de o primeiro-ministro desculpar-se por uma festa que teria ocorrido com a presença de 40 a 50 pessoas em 18 de dezembro do ano passado, quando todas as festividades estavam proibidas.

Um vídeo, gravado há pouco mais de um ano, mostra membros do seu gabinete brincando sobre uma suposta celebração de Natal que havia sido realizada em Downing Street, apesar das severas restrições em vigor que a proibiam.