Filipinos tentam reconstruir lares e vidas em meio à tristeza
15 de novembro de 2013Escombros cobrem o lado direito e o lado esquerdo da estrada principal de Merida, em terrenos antes ocupados por casas. O supertufão Haiyan, que atingiu as Filipinasna sexta-feira (08/11), provocou danos especialmente grandes neste lugar.
Menos de uma semana após a tempestade, os habitantes da cidade costeira a oeste da ilha de Leyte já refizeram alguns telhados, reconstruíram algumas paredes. Esses reparos oferecem pelo menos uma guarida para alguns de seus 30 mil habitantes.
Roberto Roma mora na rua principal. Mas ele não participa dos trabalhos de reconstrução. O aposentado de 64 anos passa parte do dia sentado num pequeno banco de madeira situado naquele que já foi o quintal de sua casa. O tufão lhe roubou o que ele tinha de mais importante: sua mulher, Wana.
Ele conta que ela foi morta pela queda de uma árvore de fruta-pão, conhecida localmente como Tilopo. O próprio Roberto foi atingido por um galho na parte de trás da cabeça, que apresenta agora uma ferida. Os pontos do curativo improvisado mal conseguem mantê-la fechada.
Chuva dificulta os trabalhos
Começa a chover. Os moradores de Merida se juntam sob os telhados que sobraram e das casas que foram reconstruídas. A chuva dificulta os trabalhos, e o socorro externo ainda não chegou.
Sandra Bulling, da organização Care International, está no local para registrar o que é mais urgente no momento. Ela viajou para Merida a partir da cidade portuária de Ormoc, a cerca de 30 quilômetros de distância, ao longo da costa de Leyte. Um grupo de jovens na rua diz a ela que o mais urgente é comida.
Bulling consola os rapazes, dizendo que os mantimentos estão a caminho de Manila para Leyte. "O plano é que os suprimentos cheguem nos próximos dias também a essas localidades mais remotas, como Merida e Isabel. E, também nos próximos dias, vamos enviar materiais de construção por via marítima para cá, para que as pessoas possam, pelo menos, improvisar abrigos", explica.
Centro de operações na prefeitura
Alguns suprimentos já chegaram a Ormoc. Voluntários carregam em ritmo acelerado sacos de arroz e de carne enlatada para a prefeitura, que perdeu apenas algumas janelas e parte do telhado durante o tufão cujos ventos chegaram a ultrapassar 300 quilômetros por hora. O governo filipino enviou os sacos, que são armazenados no local em pilhas de quase dois metros de altura e vigiados por policiais e militares para evitar saques.
Bingo Capahi é um dos muitos funcionários da prefeitura que ajudam nos trabalhos. Aqui foi estabelecido um centro de operações de socorro, apesar das muitas goteiras obrigarem o chão do edifício a ser constantemente enxugado. "Ormoc está completamente destruída", lamenta Capahi, acrescentando que a tarefa mais urgente agora é levar refeições instantâneas para as pessoas da região.
"Pelo fato de o nosso aeroporto e o nosso porto estarem em condições relativamente boas, pelo que nos dizem, Ormoc poderá ser o centro de distribuição de suprimentos de emergência para toda a ilha de Leyte", diz Capahi . "Vamos fazer o que pudermos."
O sol se põe. A escuridão toma conta da cidade privada de energia elétrica. A luz fraca de uma lanterna em frente à prefeitura de Ormoc irradia um pouco de esperança. Teking Etang canta e toca violão, em meio a uma roda de amigos. Ele também a sua casa. A música, segundo ele, é o melhor remédio para esquecer esta tragédia. Pelo menos por alguns minutos.