1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaArgentina

Fernández pede unidade em dia de protestos na Argentina

10 de julho de 2022

Manifestantes promovem passeatas em diversas cidades no Dia da Intependência. País enfrenta grave crise econômica, com taxa de inflação que supera os 60%.

https://p.dw.com/p/4DumR
Vista aérea de multidão em uma praça com obelisco no meio
Manifestantes se reuniram em Buenos Aires e em outras cidades argentinasFoto: Leo LaValle/AP/picture alliance

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu neste sábado (09/07) unidade em um dia de protestos devido à crise que atravessa o país, com inflação galopante, e diante de pressões de militantes da ala mais à esquerda da sua coalizão de governo, que querem mais gastos públicos para aliviar o crescimento da pobreza.

Milhares de pessoas marcharam em diversas cidades da Argentina. As manifestações começaram por volta das 16h (hora local) sob o slogan "Vamos defender a República", diante do Obelisco de Buenos Aires, monumento histórico da capital.

"Argentina sem Cristina" foi um dos slogans entoados pelos manifestantes, em alusão à vice-presidente Cristina Kirchner, líder de um setor de centro-esquerda do governo do presidente peronista Alberto Fernández.

A vice-presidente do país, chefe do Senado e ex-presidente duas vezes, entre 2007 e 2015, mantém uma disputa com Fernández, que é apoiado por setores de centro-direita do peronismo e governadores provinciais.

As divergências levaram à renúncia do ministro da Economia, Martín Guzmán, no último sábado. Ele entregou o cargo após constantes confrontos com a ala militante da coalizão governista leal à vice-presidente, que desaprovava sua política fiscal mais rígida.

Depois, um grupo de manifestantes se dirigiu à Casa Rosada, sede do Executivo do país, onde as tensões entre os participantes da marcha e a polícia se intensificaram.

Houve passeatas também em cidades como Mar del Plata, Rosário, La Plata, Mendoza e Santa Fé.

Convocados através das redes sociais, os argentinos escolheram o 9 de julho, Dia da Independência, para denunciar a situação política, num momento de plena crise na economia argentina, com inflação acima de 60%, déficit fiscal alto, e temores crescentes de inadimplência, da perda de credibilidade do peso argentino e de sua desvalorização.

"País precisa de responsabilidade econômica"

Em discurso para marcar a data, o presidente argentino pediu "unidade" e que diferentes facções trabalhem para isso.

"A história nos ensina que é um valor que devemos preservar nos momentos mais difíceis", disse, acrescentando que o país precisa de responsabilidade econômica, diante das baixas reservas em moeda estrangeira e o aumento da inflação global "prejudicando seriamente" a economia local. "Devemos trilhar o caminho para o equilíbrio fiscal e estabilizar a moeda", disse Fernández.

Com a inflação em alta e a sangria das reservas em moeda estrangeira devido aos altos custos de importação de energia, os investidores estão questionando a capacidade do país de honrar seus compromissos de dívida. Os retornos dos títulos do governo estão entre os mais altos do mundo, demonstrando a falta de confiança dos investidores.

A Argentina teve calote da dívida pública nove vezes desde sua independência da Espanha em 1816, e três vezes neste século, tendo o maior ocorrido no fim de 2001.

O país fechou no início deste ano um acordo de reestruturação de dívida de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Muitos culpam o FMI pelas políticas econômicas mais rígidas.

"Há uma crise monumental em nosso país", disse Juan Carlos Giordano, um legislador socialista que se juntou à passeatas deste sábado. "A Argentina é uma semi-colônia capitalista acorrentada no FMI. Hoje estamos aqui para dizer que precisamos de uma segunda independência. A Argentina deve romper seus laços com o FMI que é o império espanhol do século 21."

md (DPA, AFP, Reuters)