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FBI: Trump guardava em sua casa documentos "top secret"

27 de agosto de 2022

Caixas de documentos encontradas na mansão do ex-presidente continham informações confidenciais, afirma pedido de mandado de busca emitido pelos agentes. Caso pode gerar novos processos na Justiça contra o republicano.

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Ex-presidente Trump com expressão de preocupação em frente a um automóvel com luzes policiais
Ex-presidente Trump se diz alvo de uma "caça às bruxas" voltada para impedi-lo de tentar a reeleiçãoFoto: David Dee Delgado/REUTERS

Documentos do FBI revelados nesta sexta-feira (26/08) afirmam que das quinze caixas retiradas da mansão do ex-presidente Donald Trump no início do ano, quatorze continham documentos confidenciais do governo americano, alguns destes "top secret", que estavam misturados com revistas, jornais e correspondências pessoais.

Nenhum espaço na mansão de Mar-a-Lago, na Flórida, havia sido autorizado para o arquivamento de material confidencial, segundo o pedido para a emissão de um mandado de busca submetido por agentes do FBI, que acreditavam que havia "causa provável para crer que serão encontradas evidências de obstrução da Justiça".

O pedido resultou na primeira busca policial realizada na residência de um ex-presidente dos EUA na história do país.

O pedido dos agentes não fornece informações sobre os 11 conjuntos de documentos confidenciais que foram apreendidos em Mar-a-Lago nas buscas de 8 de agosto, mas dizem respeito a 15 caixas que o Arquivo Nacional dos EUA recuperou da mansão em janeiro.

O Arquivo Nacional enviou o caso para o Departamento de Justiça, apontando que havia uma grande quantidade de documentos confidenciais no material recuperado. Segundo os agentes, as buscas na residência de Trump eram necessárias em razão do material altamente sensível obtido pelo Arquivo Nacional meses antes.

Informações altamente sensíveis

Dos 184 documentos confidenciais, 25 eram classificados como "top secret". Algumas tinham marcações sugerindo que incluíam informações altamente sensíveis sobre fontes humanas ou sinais eletrônicos autorizados por um tribunal especial de inteligência.

O pedido dos agentes – um documento de 32 páginas – foi apresentado, em grande parte, com rasuras para proteger a segurança de testemunhas e agentes da lei, além da integridade das investigações em andamento. Ainda assim, oferece uma descrição detalhada do tipo de material que vinha sendo mantido na mansão de Trump, muito depois de ele ter deixado o cargo.

Documento de 32 páginas foi apresentado, em grande parte, com rasuras para proteger segurança de testemunhas e agentes da lei, além da integridade das investigações
Documento de 32 páginas foi apresentado, em grande parte, com rasuras para proteger segurança de testemunhas e agentes da lei, além da integridade das investigaçõesFoto: Jon Elswick/AP Photo/picture alliance

É possível perceber a gravidade da preocupação do governo americano com o fato de que os papéis estariam ali armazenados de maneira ilegal. A retenção de documentos confidenciais e o aparente fracasso em armazená-los com a devida segurança, apesar de meses de solicitações das autoridades, expuseram Trump a novos processos na Justiça.

"O governo conduz uma investigação criminal em torno da remoção e armazenamento inadequado de informações confidenciais em espaços não autorizados, assim como a ocultação ou remoção ilegal de documentos do governo". Esta frase consta na primeira página do documento enviado a um juiz pelos agentes do FBI pedindo a emissão do mandado de busca.

Violação da Lei de Espionagem

O FBI investiga potenciais violações de três leis federais, sendo que uma destas trata da reunião, transmissão ou extravio de documentos de defesa, sob a Lei de Espionagem americana. As demais se referem à ocultação, mutilação ou remoção de registros e a destruição, alteração ou falsificação de documentos de investigações federais.

Trump vinha insistindo que estava colaborando com as autoridades, apesar de vários indícios que sugeriam o contrário. Ele aproveitou a ação da polícia para insuflar seus apoiadores e impor uma narrativa de vitimização, de que estaria sendo alvo de "caça às bruxas" voltada para impedi-lo de tentar a reeleição. 

rc (Reuters, AP)