Parentes e artistas prestam última homenagem a George Floyd
9 de junho de 2020O funeral de George Floyd, morto durante uma ação policial nos Estados Unidos, reuniu nesta terça-feira (09/06) centenas de pessoas numa igreja em Houston, no Texas, a cidade onde ele cresceu. Ele será enterrado junto de sua mãe.
A Igreja Fountain of Praise recebeu o caixão dourado da última cerimônia de despedida pública de Floyd, cuja morte aos 46 anos provocou as maiores mobilizações nos EUA desde o assassinato de Martin Luther King, em 1968.
"Podemos chorar, podemos lamentar, mas seremos consolados e encontraremos esperança", disse a pastora Mia Wright, no início da cerimônia que reuniu amigos e parentes de Floyd. Entre os convidados havia ainda políticos, artistas e esportistas, como o ator Jamie Foxx e o pugilista Floyd Mayweather.
A família de Floyd, que decidiu usar branco na cerimônia, entrou na igreja ao lado do reverendo Al Sharpton, que é ativista de direitos humanos e comandou parte da homenagem.
"Queremos que a família saiba que não está sozinha", afirmou o congressista democrata Al Green ao chegar ao local. Ele disse que "ainda há muito a ser feito".
Em mensagem de vídeo transmitida durante a homenagem, o ex-vice-presidente Joe Biden, que concorrerá à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata em novembro, disse que chegou a hora de acabar com a injustiça racial nos EUA.
"Não devemos virar as costas. Não podemos sair deste momento pensando que podemos mais uma vez nos afastar do racismo que fere nossa alma", acrescentou Biden, em referência aos protestos conta o racismo desencadeados pela morte de Floyd.
O funeral aconteceu um dia depois de cerca de 6 mil pessoas terem comparecido a um velório público, também em Houston, esperando horas debaixo do sol ardente para prestar a última homenagem a Floyd.
Ao fim da cerimônia, o caixão de Floyd será levado a um cemitério da cidade, onde ele será enterrado ao lado da mãe.
Floyd morreu após ser detido em Minneapolis, nos EUA, suspeito de ter usado uma nota de 20 dólares falsa para pagar uma compra. Imagens de celular gravadas por uma testemunha mostram ele deitado ao lado da roda traseira de um veículo, com o policial o prendendo ao asfalto e pressionando o pescoço do detido com o joelho.
Depois de vários minutos, Floyd gradualmente vai ficando quieto e deixa de se mexer. O policial não tira seu joelho do pescoço de Floyd até ele ser colocado numa maca por paramédicos. Uma ambulância levou Floyd a um hospital, onde ele morreu pouco depois.
A morte de Floyd resultou numa série de protestos nos Estados Unidos contra o racismo. Alguns atos foram marcados por distúrbios nas ruas e confrontos violentos entre manifestantes e policiais.
Nos últimos seis dias foram realizadas várias cerimônias fúnebres para Floyd, incluindo uma em Minneapolis, onde ele morou nos últimos anos, e em Raeford, na Carolina do Norte, perto de onde ele nasceu. Esses eventos contaram com a presença de familiares de outras vítimas negras, cujos nome se tornaram parte do debate sobre injustiça racial, entre eles Eric Garner, Michael Brown, Ahmaud Arbery e Trayvon Martin.
A morte de Floyd colocou em xeque o tratamento dado pela polícia a negros no país. Na segunda-feira, cerca de 20 parlamentares democratas, liderados pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciaram uma série de medidas para promover uma reforma na polícia. O projeto de lei visa facilitar a acusação de agentes por abuso e proibir práticas como colocar o joelho no pescoço para imobilizar detidos.
Os quatro policiais envolvidos na ação que causou a morte de Floyd foram afastados, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, com pena que pode chegar a até 40 anos de prisão. Os outros três vão responder por cumplicidade em homicídio.
CN/afpdpa/lusa
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