Fórum Econômico
27 de janeiro de 2009Em plena crise econômica, mais de 40 chefes de Estado e governo e mais de 1.400 representantes do setor econômico de 90 países estarão presentes no Fórum Econômico Mundial (FEM), que se inicia nesta quarta-feira (28/01) em Davos, na Suíça. A meta oficial do encontro é tão considerável quanto o número de participantes: "organizar o mundo após a crise".
O fórum deste ano está diante de um difícil desafio. Em meio a uma crise econômica, como se organiza um evento tão famoso por suas festas quanto pelas discussões de temas profundos?
Menos glamour, mais trabalho
A resposta é adaptar-se à nova situação. Segundo a mídia suíça, as festas não serão tão pomposas. Em vez do brilho e do glamour, a seriedade deverá tomar conta do FEM. O premiê chinês, Wen Jiabao, deverá ser o primeiro entre os chefes de Estado e governo a discursar na próxima quarta-feira.
Entre os representantes europeus, viajarão a Davos, entre outros, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, o premiê britânico, Gordon Brown, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.
Apesar de estrelas do cinema, autores, designers e arquitetos também estarem novamente presentes em Davos, o porta-voz do fórum, Mark Adams, declarou que o tom deste ano será bem diferente do glamour dos anteriores. "Sente-se uma necessidade de trabalhar mesmo. Há 230 reuniões de trabalho; e é por isso que as pessoas vêm ao encontro", afirmou o porta-voz.
Um dos grupos de trabalho se chamará "Update 2009: o retorno ao poder do Estado". O grupo se ocupará de como os governos podem assumir um papel mais importante no combate à crise. Outros temas do congresso serão energia, mudanças climáticas, livre comércio e ajuda ao desenvolvimento.
Brown adverte contra "desglobalização"
Pouco antes do Fórum Econômico Mundial (FEM), no entanto, o premiê britânico Gordon Brown advertiu do risco de uma eventual "desglobalização" econômica, que poderia ocorrer se nações não enfrentarem juntas a atual crise. Brown declarou, na última segunda-feira em Londres, que a economia mundial estaria vivenciando "as difíceis dores do parto de uma nova ordem mundial". Ele também afirmou que soluções nacionais somente fomentariam "o protecionismo financeiro" e teriam "consequências fatais para o crescimento".
Críticas ao encontro em Davos
Paralelamente ao Fórum Econômico Mundial, opositores da globalização estão reunidos, a partir desta terça-feira (27/01), no Fórum Social Mundial em Belém, no Pará. O encontro em Belém entende-se como uma resposta dos críticos da globalização ao FEM em Davos.
Alexis Passadakis, da Attac, organização crítica à globalização, acusou os participantes de serem corresponsáveis pela crise. Passadakis acredita que as soluções a serem encontradas em Davos só irão "transferir os prejuízos para parcelas da população que já vêm sofrendo com o atual sistema, nos anos de boom econômico".
Procurando soluções para a crise
No entanto, nem todos os especialistas veem de forma tão crítica o Fórum Econômico Mundial. Hans-Werner Sinn, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas (Ifo) de Munique, acredita que o FEM pode e deve incitar ideias para combater a crise.
"Pessoas importantes estarão presentes. Trata-se de um grêmio que se distingue do G-20 ou do G-8. É um grupo maior e, em princípio, relativamente aberto. Há representantes governamentais de todas as partes do planeta. Ou seja, deve-se escutar o que eles têm a dizer", explicou Sinn.