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Ex-presidentes cobram posição de Lula contra Nicolás Maduro

5 de agosto de 2024

Grupo pede a mandatário brasileiro que se posicione em meio a denúncias de corrupção na eleição da Venezuela e de violência contra manifestantes da oposição; Lula cobrou atas, mas disse não ter visto "nada de anormal".

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Maduro e Lula conversam em encontro oficial em Brasília, mediado por uma tradutora
Maduro e Lula se encontram em 2023 no Palácio do Itamaraty, BrasíliaFoto: Gustavo Moreno/AP/picture alliance

Em carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 30 ex-chefes de governo e de Estado de 13 países da América Latina e da Europa cobram do governo brasileiro uma posição sobre o processo eleitoral na Venezuela.

O país foi às urnas em 28 de julho e anunciou, por meio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a vitória do presidente Nicolás Maduro, diferentemente do que apontavam pesquisas de intenção de voto e uma apuração independente. O órgão eleitoral do país ainda não divulgou, contudo, as atas eleitorais, onde estão registrados os votos e o resultado em cada local de votação.

O CNE, comandando por um aliado do presidente venezuelano, atribuiu a um suposto ataque cibernético a demora no sistema de contagem de votos. Segundo o órgão, com 80% das urnas apuradas, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, teria sido reeleito com 51,2% dos votos. quedando ao principal adversário, Edmundo González, 44,2%, e 4,6% para os demais candidatos.

A oposição alega fraude e realiza protestos, reprimidos com violência. Mais de mil cidadãos já foram presas e há relatos de 20 mortes, segundo o Human Rights Watch.

Os ex-dirigentes afirmam na carta que a soberania popular na Venezuela foi sequestrada, com uso da estrutura do Estado, repressão e violações generalizadas dos direitos humanos da população.

"É um escândalo o que ocorre. Todos os governos americanos e europeus sabem disso. Admitir tal precedente ferirá mortalmente os esforços que continuam a ser feitos com tanto sacrifício nas Américas para sustentar o tripé da democracia, do Estado de direito e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente daquilo que o próprio presidente Lula da Silva preserva dentro de sua pátria", diz a mensagem.

"A Venezuela tem direito a uma transição para a democracia", prossegue a carta assinada por integrantes da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea), como Felipe Calderón, do México, Mauricio Macri, da Argentina, Mariano Rajoy, da Espanha, Álvaro Uribe, da Colômbia e Carlos Mesa, da Bolívia. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também integra o grupo, mas não assinou a carta dirigida a Lula.

Brasil ainda não reconheceu resultado 

Assim que o CNE proclamou a vitória do autocrata, Rússia e China reconheceram Maduro como vencedor, enquanto países como Brasil, Estados Unidos e Espanha passaram a cobrar publicamente a divulgação das atas eleitorais, para que os resultados possam ser verificados.

Na primeira manifestação sobre a eleição venezuelana, Lula cobrou a divulgação das atas, mas disse não ver "nada de anormal" no processo eleitoral venezuelano.

As pesquisas de intenção de voto apontavam para uma vitória do candidato da oposição Edmundo González. Além disso, a oposição disse ter tido acesso a mais de 80% das atas das eleições por meio de representantes que compareceram à maioria dos locais de votação.

A agência Associated Press fez uma contagem independente dos votos, com base nesses documentos disponibilizados num site, e constatou que o candidato da oposição venceu o pleito, com uma diferença de 500 mil votos.

O CNE informou que deve entregar dentro de dias as atas eleitorais ao Judiciário. O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano também pediu os documentos que comprovam o ataque cibernético que teria atrasado os trabalhos do órgão eleitoral.

Logo após o pleito, o fórum de ex-dirigentes já havia pedido ao presidente brasileiro, em outra carta, que o mandatário reconhecesse a vitória do candidato oposicionista Edmundo González.

sf/av (ABR, ots)