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PolíticaHonduras

Ex-presidente de Honduras será extraditado para os EUA

29 de março de 2022

Juan Orlando Hernández foi acusado de facilitar o envio de 500 toneladas de cocaína para a América do Norte e de ter recebido milhões de dólares de narcotraficantes. Ele corre o risco de ser condenado à prisão perpétua.

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O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, discursa durante a COP26
Presidente de Honduras entre 2014 e janeiro de 2022, Juan Orlando Hernández é acusado de facilitar tráfico de cocaínaFoto: Andy Buchanan/AFP

A Suprema Corte de Justiça de Honduras autorizou nesta segunda-feira (28/03) a extradição do ex-presidente Juan Orlando Hernández, de 53 anos, para os Estados Unidos, onde ele será processado por tráfico de drogas, com possibilidade de ser condenado à prisão perpétua.

Autoridades americanas haviam solicitado a extradição de Hernández em 14 de fevereiro devido à acusação de enviar em torno de 500 toneladas de cocaína para os EUA desde 2004. Um dia depois – menos de um mês após deixar a presidência de Honduras, em 27 de janeiro –, ele foi capturado e, desde então, permanece detido no quartel das forças especiais da polícia. Com a decisão, agentes americanos podem buscá-lo a qualquer momento.

A Suprema Corte hondurenha julgou improcedente um recurso de Hernández após decisão judicial para a sua extradição a partir de um pedido feito por uma corte de Nova York. Em Tegucigalpa, capital de Honduras, o ex-presidente teve a extradição autorizada por três delitos: conspiração para importar e distribuir substância controlada; uso e porte de armas de fogo; e conspiração para o uso de armas de fogo. No caso da extradição, o acusado só pode ser julgado pelos crimes autorizados pelo sistema judiciário do país de origem.

"A decisão do juiz de primeira instância de conceder a extradição de Juan Orlando Hernández está confirmada", declarou o porta-voz do Poder Judiciário, Melvin Duarte, após a decisão, que não está mais sujeita a recurso.

O irmão do ex-presidente, Tony, de 43 anos, foi condenado à prisão perpétua em março de 2021, nos Estados Unidos, por tráfico de drogas. A partir do julgamento de Tony, que também atuou na política de Honduras, as autoridades americanas chegaram às suspeitas de Juan Orlando. Por cumplicidade, um ex-chefe de polícia hondurenho também pode passar pelo mesmo processo que os irmãos Hernández.

Presidente de Honduras entre 2014 e 2022, Juan Orlando Hernández é acusado de facilitar o tráfico de cocaína principalmente a partir da Colômbia e da Venezuela. Segundo promotores americanos, ele recebeu milhões de dólares de traficantes em troca de proteção, inclusive de um dos maiores chefes do tráfico de drogas, o mexicano Joaquin "El Chapo" Guzman, também condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.

O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, veste um colete à prova de balas preto, da Polícia Nacional, sobre uma camisa clara. Ele está sentado e conversa com policiais. Veste boné, óculos e máscara. Em pé, dois policiais o cercam.
Ex-presidente conversa com policiais logo após ser detido em sua casa, no dia 15 de fevereiroFoto: Indi Ocon/dpa/picture alliance

Hernández se diz inocente

Por meio de uma carta escrita na prisão onde está detido desde a metade de fevereiro, Juan Orlando Hernández disse que é "inocente" e "vítima de vingança e conspiração". Ele também escreveu que tem certeza de que "Deus fará justiça", destacou que vive um momento "doloroso" e difícil por "estar separado" de seus familiares: "Três sentenças de prisão perpétua podem fazer de mim um morto-vivo", afirmou.

"Nunca pensei que a luta pela paz para nós, hondurenhos, nos levaria a ser conhecidos como um narcoestado. Eu sabia que esta luta não seria fácil, que teria muitos riscos", argumentou Hernández

 Inicialmente, os Estados Unidos conceituaram o então presidente como um aliado na luta contra o tráfico de drogas – e foi um dos primeiros países a reconhecer sua reeleição em 2017, quando a oposição alegou fraude em meio a protestos que deixaram cerca de 30 pessoas mortas em Honduras.

Após a divulgação do veredicto, um dos advogados de Hernández, Felix Ávila, declarou que "esta é uma decisão da Suprema Corte, e o fato de não concordamos com ela não significa que ela seja ilegal".

A família de Hernández também divulgou um comunicado no qual argumenta que a decisão da Suprema Corte de Honduras não é uma condenação criminal: "Estamos prontos e confiantes de que seremos capazes de mostrar à Justiça dos EUA que as acusações são um plano de vingança de narcotraficantes hondurenhos cujo império de crime e violência foi destruído por Juan Orlando".

gb (AFP, Reuters)