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PolíticaColômbia

Ex-guerrilheiro reforça favoritismo à presidência colombiana

14 de março de 2022

Senador Gustavo Petro sai vencedor de primárias como representante da aliança Pacto Histórico. Pesquisas apontam que ele poderá se tornar o primeiro presidente de esquerda do país.

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Gustavo Petro, candidato à presidência da Colômbia
"Chegou a hora de mudar a Colômbia", disse Gustavo Petro ao votar neste domingoFoto: Juancho Torres/AA/picture alliance

O senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro conseguiu, com ampla vantagem, garantir neste domingo (13/02) sua indicação como candidato da esquerda à presidência da Colômbia.

Como previsto, o esquerdista de 61 anos foi o grande vencedor nas primárias ou consultas partidárias. Ele obteve mais de 80% dos votos da aliança de esquerda Pacto Histórico, derrotando a ambientalista Francia Marquez, que obteve 15% dos votos.

A votação consolidou a candidatura de Petro como o favorito para vencer as forças da direita e do centro nas eleições presidenciais de 29 de maio. A Colômbia sempre foi governada pela direita, mas pesquisas apontam que Petro, ex-prefeito de Bogotá, tem uma real chance de ser eleito presidente.

" Chegou a hora de mudar a Colômbia", disse Petro ao chegar para votar com sua esposa e duas filhas neste domingo. 

A centrista Ingrid Betancourt, que foi mantida refém pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) há duas décadas, foi escolhida para representar sua coligação na disputa pela presidência. Ela se apresenta como uma alternativa tanto à direita no poder quanto a Petro.

Seis candidatos deverão se enfrentar no primeiro turno em 29 de maio, que será seguido de um segundo em 19 de junho caso nenhum candidato obtenha a maioria dos votos.

Esquerda conquista espaço no Legislativo

As primárias deste domingo foram realizadas simultaneamente às eleições legislativas para renovar as duas Câmaras do Congresso, atualmente controladas por partidos de direita. A aliança de esquerda de Petro, Pacto Histórico, foi uma das grandes vencedoras das legislativas.

Com 98% dos votos apurados, a coligação aparece com 16 dos 102 assentos do Senado – o mesmo número obtido pelos conservadores e à frente dos liberais, com 15.

Na Câmara dos Representantes, a aliança deve obter 25 dos 165 assentos, empatando com os conservadores e ficando atrás dos liberais, com 32.

O partido do governo, o direitista Centro Democrático, que nas últimas eleições legislativas, de 2018, obteve o maior número de votos no Senado, sofreu um pesado revés, ao ficar em quinto lugar no Senado, e em quarto na Câmara dos Representantes.

A direita, fragmentada em seis partidos, vai continuar majoritária no Congresso, fazendo com que o Pacto Histórico tenha de formar alianças com a Coligação Aliança Verde e o Centro Esperança (14 lugares na câmara alta), para conseguir impor-se. 

Os candidatos do partido Comunes, que integrou a antiga e desmobilizada guerrilha das FARC, somaram apenas 50 mil votos. Apesar do resultado, o Comunes vai manter cinco lugares no Senado e cinco na Câmara dos Representantes, garantidos pelo acordo de paz para as legislaturas 2018-2022 e 2022-2026. Estes dez legisladores são designados pelo Comunes independentemente do resultado obtido nas urnas.

Cerca de 39 milhões de pessoas estavam aptas para votar e eleger as duas câmaras do Parlamento e participar das primárias partidárias.

A campanha foi marcada por diversos temas, como o empobrecimento e o desemprego desencadeados pela pandemia, o aumento da violência que se seguiu ao acordo de paz com as agora extintas Farc e a insegurança nas grandes cidades. Além disso, os grandes protestos do ano passado, que foram duramente reprimidos e revelaram profunda agitação social, ainda estão reverberando.

Em 29 de maio, os eleitores colombianos retornarão às urnas para escolher o sucessor do impopular presidente Iván Duque, que em 7 de agosto encerra seu mandato de quatro anos sem direito a reeleição.

LF (AFP, Lusa, Efe)