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Ex-diretor da CIA diz que Rússia interferiu nas eleições

23 de maio de 2017

Em audiência no Congresso, John Brennan afirma que russos fizeram contato com a campanha de Trump antes do pleito de 2016, mas diz não saber se existiu conluio. Preocupado, ele conta ter alertado Moscou sobre ingerência.

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John Brennan
Brennan chefiou a agência de inteligência americana de 2013 a janeiro deste anoFoto: Getty Images/Win McNamee

O ex-diretor da CIA John Brennan afirmou nesta terça-feira (23/05), em audiência no Congresso dos Estados Unidos, que a Rússia interferiu de forma "descarada" nas eleições americanas do ano passado, inclusive mantendo contato com a campanha do presidente Donald Trump.

"Deve ficar claro para todo mundo que a Rússia interferiu descaradamente no processo eleitoral presidencial de 2016, e que colocou em prática essas atividades apesar dos nossos fortes protestos e explícitas advertências para que isso não fosse feito", declarou o ex-funcionário.

Brennan, que foi diretor da agência de inteligência americana de 2013 até janeiro deste ano, quando Trump assumiu a Casa Branca, disse ter sido uma das primeiras autoridades americanas a advertir Moscou sobre suas atividades, pedindo ao governo para que parasse de interferir nas eleições.

O ex-diretor disse ter conversado sobre o assunto com Alexander Bortnikov, chefe do Serviço Federal de Segurança (FSB), a agência de inteligência russa, em telefonema em 4 de agosto passado. Bortnikov, por sua vez, teria dito que comunicaria as preocupações ao presidente Vladimir Putin.

Em sessão pública no Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, que investiga a suposta ingerência russa nas eleições americanas, Brennan reconheceu pela primeira vez publicamente ter ficado preocupado com possíveis laços entre Moscou e a campanha republicana.

"Eu encontrei e tomei conhecimento de informações de inteligência que revelaram contatos e interação entre autoridades russas e pessoas americanas envolvidas na campanha de Trump", afirmou Brennan. "Fiquei preocupado com os esforços russos de subornar esses indivíduos."

"Isso criou dúvidas na minha cabeça sobre se a Rússia foi ou não capaz de obter a cooperação desses indivíduos", disse o ex-diretor da CIA. Ele acrescentou, no entanto, que não tem conhecimento sobre se os esforços russos foram bem-sucedidos. "Eu não sei se tal conluio existiu."

Segundo o ex-funcionário, mesmo sem provas concretas de que houve, de fato, vínculos entre o Kremlin e a campanha do presidente americano, as informações coletadas eram "dignas de uma investigação". Ele não deu mais detalhes sobre esses dados, alegando que estão sob sigilo.

Na semana passada, o Departamento de Justiça americano nomeou um conselheiro especial, o ex-diretor do FBI Robert Mueller, para supervisionar a investigação sobre a suposta interferência russa no processo eleitoral, incluindo uma possível ligação entre o governo em Moscou e a eleição de Trump.

A oposição democrata vinha pedindo há semanas a nomeação de um conselheiro especial independente para esse inquérito, sobretudo depois que Trump demitiu de maneira inesperada, em 9 de maio, o então diretor do FBI, James Comey, que estava à frente das investigações.

EK/afp/ap/efe/rtr/ots