Ex-chefe de espionagem deve se tornar novo premiê da Holanda
29 de maio de 2024Um antigo chefe do AIVD, o serviço secreto e de segurança holandês, deverá se tornar o primeiro-ministro da Holanda, à frente de um governo sustentado por uma coalizão de direita.
Dick Schoof, 67 anos, funcionário sênior do Ministério da Justiça, sem filiação partidária, é considerado um especialista em segurança e migração, duas questões fundamentais para os quatro parceiros da coligação.
A maior sigla dessa aliança é populista de direita Partido para a Liberdade (PVV), que emergiu como a maior sigla após as eleições gerais de novembro – embora com menos de um quarto dos votos e sem apoio suficiente para governar sozinho.
Após meses de negociações, o PVV conseguiu chegar a um acordo com o liberal Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte, o partido conservador Novo Contrato Social (NSC) e o populista Movimento dos Agricultores-Cidadãos (BBB).
O acordo exigia premiê que não fosse Wilders
Como parte das negociações, o líder do PVV, Geert Wilders, concordou em abrir mão do cargo de primeiro-ministro e fazer concessões em relação a algumas das suas políticas anti-islâmicas mais extremas, como a proibição de mesquitas.
Wilders, conhecido pela sua retórica inflamada de extrema direita e posições anti-imigração e contra a União Europeia, disse que Schoof, que já foi membro do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, "está acima dos partidos e tem a nossa confiança”.
Para além do serviço secreto, Schoof também dirigiu durante vários anos a agência antiterrorismo NCTV e foi chefe do serviço de imigração holandês no início da década de 2000.
Apesar de ter sido um alto funcionário durante muito tempo, o perfil público de Schoof é limitado.
No seu plano de governo, publicado em 16 de maio, a coligação afirma que pretende instaurar um regime de concessão de refúgio mais rigoroso, com controles fronteiriços mais fortes e regras mais severas para os requerentes de refúgio que chegam â Holanda, o que pode colocar o país em rota de colisão com a União Europeia (UE).
Após meses de limbo político desde as eleições de novembro – o que é reconhecidamente um procedimento normal no país após a maioria das votações nacionais –, Wilders disse na semana passada que esperava que o novo governo estivesse operacional no fim de junho.
sf/md (AFP, Reuters, DPA, AP, EFE)