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EUA e França tentam reatar laços após crise dos submarinos

23 de setembro de 2021

Presidentes Biden e Macron tiveram telefonema “amigável” e devem se encontrar pessoalmente na Europa em breve. Cancelamento de acordo bilionário com a Austrália para compra de submarinos gerou forte reação de Paris.

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Presidentes da França, Emmanuel Macron, e dos EUA, Joe Biden, dirante reunião da Otan. Macron, em pé e com dedo em riste, conversa com Biden, sentado.
Presidentes da França, Emmanuel Macron, e dos EUA, Joe Biden, dirante reunião da OtanFoto: Brendan Smialowski/AP/picture alliance

Os presidentes da França e dos Estados Unidos agiram para reparar os estragos nas relações bilaterais causados pelo cancelamento de um acordo bilionário entre o governo francês e Austrália, para a construção de submarinos.

Uma declaração conjunta divulgada após um telefonema de 30 minutos entre o americano Joe Biden e o francês Emmanuel Macron nesta quarta-feira (23/09), afirma que os dois líderes concordaram em iniciar um processo de reconquista da confiança, além de marcarem uma reunião entre ambos a ser realizada na Europa no final de outubro.

O telefonema de Biden para Macron foi uma tentativa de reatar laços, após a França acusar os EUA de traição. A Austrália suspendeu um contrato de 40 bilhões de euros para a compra de submarinos convencionais franceses, e optou por modelos movidos a energia nuclear construídos com tecnologia americana e britânica.

O governo francês reagiu com indignação ao cancelamento e convocou de volta ao país seus embaixadores em Washington e Canberra.

Segundo a declaração conjunta, Washington se comprometeu a "apoiar operações contraterrorismo dos Estados europeus na região do Sahel”, o que, segundo autoridades americanas, significa mais uma continuação ao apoio logístico do que um envio de tropas.

A França possui atualmente em torno de 5 mil soldados de suas forças contraterrorismo combatendo militantes islamistas na região do Sahel, que abrange cinco países no norte da África, incluindo Mali.

"Os dois líderes concordam que a situação [em torno do acordo da compra de submarinos] poderia ter se beneficiado de consultas abertas entre os aliados, em termos de interesses estratégicos da França e nossos parceiros europeus " afirma o documento.

O episódio deixou as relações franco-americanas em uma situação considerada por analistas, como a crise mais aguda entre os dois países desde a invasão americana do Iraque, à qual o governo francês se opôs.

Biden frustra esperança de melhoras nas relações

Depois de quatro anos de relações tumultuadas durante o governo do ex-presidente Donald Trump, a crise atual frustrou esperanças de um novo início sob Biden que, após assumir o cargo em janeiro, expressou a intenção de reconstruir os laços de seu país com a Europa.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro do Exterior francês, Jean-Yves Le Drian, interagiram pela primeira vez desde o início da crise dos submarinos. Eles tiveram uma "boa comunicação”, ao se reunirem nas margens de uma reunião mais ampla nas Nações Unidas, na quarta-feira, segundo informou uma autoridade do Departamento de Estado americano.

Após demonstrar irritação com a suposta traição americana, Le Drian vinha ignorando seu homólogo americano nos últimos dias, em Nova York. Segundo o Departamento de Estado, os dois diplomatas devem se reunir novamente nesta quinta-feira.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, descreveu como "amigável” a conversa entre Biden e Macron, e disse que a cooperação e as consultas bilaterais "em uma variedade de assuntos” devem continuar.

Ao ser perguntada se Biden teria pedido desculpas a Macron, ela disse que o presidente "reconheceu que poderia ter havido maiores consultas” bilaterais. Após a conversa, o governo da França enviou seu embaixador de volta a Washington. Até o momento, não há informação de que tenha feito o mesmo com o embaixador da Austrália.

A nova parceria de segurança entre Estados Unidos, Austrália e Reino Unido, batizada com o acrônimo AUKUS, com as iniciais em inglês dos três países, vem sendo considerada como um mecanismo de enfrentamento à crescente assertividade da China na região do Pacífico. Entretanto, alguns analistas afirmam que a iniciativa alienou aliados importantes, como a França.

rc (Reuters, AFP, AP)