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EUA decidem boicotar Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim

7 de dezembro de 2021

Washington não enviará representação diplomática, mas confirma participação de seus atletas no megaevento. Decisão ocorre em razão das violações e abusos dos direitos humanos na China, como na repressão à minoria uigur.

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Atletas da patinação artística praticam em evento teste para Jogos Olímpicos de Inverno 2022 em Pequim, que ocorrerão entre os dias 4 e 20 de fevereiro
Jogos Olímpicos de Inverno 2022 em Pequim ocorrerão entre os dias 4 e 20 de fevereiroFoto: Emmanuel Wong/Getty Images

Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (06/12) um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim, em uma reação calculada contra as violações dos direitos humanos na China. A medida, porém, não exclui a participação dos atletas americanos no evento.

A decisão veio após meses de hesitações em Washington sobe qual posicionamento o governo americano deveria tomar em relação aos Jogos de Pequim, marcados para fevereiro do ano que vem. O país-sede é acusado pelos EUA de promover genocídio da minoria uigur na província de Xinjiang, no noroeste chinês.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o governo do presidente Joe Biden não enviará nenhuma representação aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno, em razão do "genocídio em curso e crimes contra a humanidade em Xinjiang e outros abusos aos direitos humanos".

"[O envio de] representação diplomática ou oficial dos EUA seria tratar esses Jogos com algo normal, frente aos flagrantes abusos de direitos humanos e atrocidades em Xinjang. Nós simplesmente não podemos fazer isso", afirmou Psaki.

A porta-voz esclareceu que o boicote diplomático não afetará a participação dos atletas americanos. "Estaremos 100% com eles e vamos torcer de casa."

O boicote veio após insistência da classe política em Washington. O presidente dos EUA vinha sendo pressionado para tomar uma posição contra as denúncias de violações e abusos por parte do governo em Pequim.

Pequim ameaça "reação resoluta"

Biden, em conversa com o presidente chinês, Xi Jinping, em novembro, expressou preocupação com a supressão do movimento democrático em Hong Kong, assim como as ações chinesas no Tibete e o tratamento dado pela China à minoria uigur em Xinjiang.

Ativistas denunciam crimes contra a humanidade ocorridos nos chamados "campos de reeducação política”, onde as autoridades chinesas manteriam presos em torno de 1 milhão de uigures e membros de outras minorias. Os presos seriam submetidos a trabalhos forçados e doutrinação política. Há denúncias de esterilização de mulheres nesses locais.

O Ministério chinês do Exterior ameaçou tomar "contramedidas resolutas" se o boicote for, de fato, levado adiante, mas não especificou quais seriam. Um porta-voz disse que os Jogos "não devem servir de palco para maneirismos e manipulação política".

Os Jogos Olímpicos de Inverno ocorrerão entre os dias 4 e 20 de fevereiro, seis meses após a realização dos Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio, que foram adiados por um ano em razão da covid-19.

Assim como na capital japonesa, o evento em Pequim adotará o esquema de "bolhas" para se adequar às restrições impostas pela pandemia e evitar transmissões do novo coronavírus entre delegações, funcionários e atletas.

rc/as (AFP, Reuters)