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"Estação Espacial Internacional é farol de esperança e paz"

12 de abril de 2022

Prestes a embarcar para o espaço, Samantha Cristoforetti diz que guerra na Ucrânia não interferiu no trabalho realizado entre cosmonautas e astronautas. Segundo ela, ISS é um exemplo de cooperação internacional pacífica.

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Astronauta italiana Samantha Cristoforetti
Em sua primeira missão, Samantha Cristoforetti bateu recorde feminino de permanência no espaçoFoto: NASA/ZUMA/picture alliance

Enquanto na Terra a Rússia bombardeia alvos civis e militares na Ucrânia, no espaço cosmonautas e astronautas da União Europeia trabalham lado a lado. Essa cooperação deve continuar quando Samantha Cristoforetti decolar para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) no final deste mês.

Astronauta da Agência Espacial Europeia (ESA), Cristoforetti irá ao espaço com outros três tripulantes na missão Minerva. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11/04), ela ressaltou que o conflito terrestre não influenciou a forma como astronautas e cosmonautas trabalham juntos no espaço, a 400 quilômetros da Terra.

"Na estação espacial, a tripulação atual está trabalhando muito bem e eles não são apenas colegas, mas bons amigos a bordo. Como já disse muitas vezes, quando se tem uma missão a cumprir é preciso se concentrar no que há em comum, não no que divide", destacou Cristoforetti.

Primeira astronauta italiana a ir ao espaço, ela também enfatizou a importância da ISS como exemplo de cooperação internacional pacífica em tempos difíceis. "É um farol de esperança, de paz e de compreensão internacional. Tem sido assim desde o início e acredito que continua sendo assim até hoje", disse.

Missão Minerva

O lançamento dos integrantes da missão Minerva está programado para 21 de abril no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. O comandante Kjell Lindgren, Robert Hines e Jessica Watson, todos da Nasa, fazem parte da equipe de Cristoforetti.

Em referência à deusa romana da sabedoria, que também era guerreira e protetora do artesanato e das artes, o nome da missão foi escolhido por Cristoforetti em homenagem à destreza de mulheres e homens cujo trabalho árduo tornou possível o voo espacial. A bordo, a italiana comandará o Segmento Orbital dos EUA, sendo responsável por todas as atividades nos módulos americano, japonês e canadense da estação.

Essa é a segunda vez que Cristoforetti vai à ISS, onde participou de uma missão entre 2014 e 2015. "Estou ansiosa para ter essa segunda experiência. Não há mais aquela sobrecarga de impressões e emoções e de toda a experiência. Dá para desacelerar a mente e curtir. Estou muito ansiosa para viver isso como uma passageira experiente, e não mais como novata", contou.

Experimentos com microgravidade

Durante a missão Minerva, Cristoforetti realizará experimentos e pesquisas em diversas áreas. Uma delas analisará os efeitos da microgravidade nas células ovarianas e poderá, no futuro, contribuir para tratamentos de doenças relacionadas aos ovários.

Em sua missão anterior, Cristoforetti se tornou a primeira astronauta a preparar café no espaço. Desta vez, ela levará azeite de oliva para a ISS, com o qual fará experimentos sobre mudanças na qualidade do óleo no espaço e também, segundo ela, para simplesmente adicionar um "gostinho de casa" na dieta.

Mestre em engenharia mecânica com especialização em propulsão aeroespacial e estruturas leves, ela trabalhará ainda com o braço robótico europeu, que foi enviado à ISS no verão passado. Essa estrutura pode manusear componentes de até 8 mil quilos e com 5 milímetros, além de poder ser operado no interior e exterior da estação.

Entre 2014 e 2015, Cristoforetti esteve na estação por 200 dias e, na época, bateu o recorde feminino de permanência no espaço. Ela também conquistou o segundo lugar entre os astronautas da ESA por tempo de permanência ininterrupta no espaço, atrás apenas de seu colega italiano Luca Parmitano, que a venceu por apenas um dia de diferença.