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Liberdade de imprensaHong Kong

Empresário de mídia pró-democracia em Hong Kong é condenado

10 de dezembro de 2022

Jimmy Lai era dono do Apple Daily, um dos jornais mais lidos do território antes de ser fechado por repressão de Pequim, e já estava preso por participação em protestos. Juiz o condenou por fraude em contrato.

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Homem de terno cercado por policiais
Lai deixando prédio de tribunal após o julgamento de outro processo, em fevereiro de 2021Foto: Kin Cheung/AP Photo/picture alliance

O empresário pró-democracia de Hong Kong Jimmy Lai foi condenado neste sábado (10/12) a cinco anos e nove meses de prisão por violar o contrato de aluguel da sede de um jornal liberal que ele dirigia.

Ele foi considerado culpado de duas acusações de fraude por encobrir as operações de uma empresa privada, a Dico Consultants Ltd, na sede do agora fechado jornal Apple Daily, no que foi considerado uma violação de seu contrato de aluguel.

Lai tem 75 anos e é um dos mais proeminentes críticos do regime chinês em Hong Kong, e está preso desde dezembro de 2020 por participar de reuniões públicas não autorizadas.

Hong Kong é uma região semiautônoma da China, que permaneceu sob domínio britânico por 156 anos e foi devolvida pelo Reino Unido em 1997. No acordo para a restituição do território, Pequim prometeu que ele manteria ampla autonomia, direitos individuais e independência judicial por pelo menos 50 anos, até 2047.

No entanto, desde que Pequim impôs uma lei de segurança nacional a Hong Kong, em 2020, após os intensos protestos pró-democracia registrados no ano anterior, a oposição foi praticamente anulada e a maioria das principais figuras que defendiam a democracia fugiram do país, perderam cargos ou foram presas.

Fraude em contrato de aluguel

Lai era chefa da Next Digital, um dos maiores grupos de mídia de Hong Kong e que controlava o Apple Daily, jornal crítico de Pequim e um dos mais lidos do território. O jornal foi fechado em junho de 2021 após ter seus fundos congelados e diversos de seus diretores acusados por violações à Lei de Segurança Nacional.

Outro executivo da Next Digital, Wong Wai-keung, 61 anos, foi considerado culpado de fraude e condenado à prisão por 21 meses.

O juiz Stanley Chan escreveu na sentença que Lai tinha "agido sob o guarda-chuva protetor de uma organização de mídia", e que a denúncia contra ele "não era equivalente a um ataque à liberdade de imprensa".

Os promotores alegaram que, segundo as condições do contrato de aluguel da sede do jornal em um terreno do governo, a propriedade só poderia ser usada para "publicação e impressão" sem a aprovação prévia do operador.

A condenação também impede que Lai dirija qualquer empresa por oito anos e pague uma multa de 2 milhões de dólares de Hong Kong (R$ 1,4 milhão).

Críticas à condenação

Governos de países do Ocidente, incluindo os Estados Unidos, expressaram preocupação com a situação de Lai e denunciaram a deterioração ampla da proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais sob a Lei de Segurança Nacional imposta pela China.

"Os Estados Unidos condenam o resultado extremamente injusto da sentença do último julgamento de Jimmy Lai", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, em um comunicado.

"Por qualquer medida objetiva, este resultado não é equilibrado nem justo. Mais uma vez, pedimos às autoridades da China que respeitem a liberdade de expressão, inclusive para a imprensa, em Hong Kong", acrescentou.

Maya Wang, diretora para a Ásia da Human Rights Watch, disse: "O processo criminal de Pequim contra Jimmy Lai é uma vingança contra um importante defensor da democracia e da liberdade de imprensa em Hong Kong."

O julgamento de outro processo envolvendo Lai, que o acusa de violar a Lei de Segurança Nacional e pode condená-lo até à prisão perpétua, deve ser retomado nesta terça-feira.

bl (Reuters, AFP)