Chiado no ouvido
25 de novembro de 2011Quem não sofre de tinnitus dificilmente pode imaginar o que se passa no ouvido de quem tem esse sintoma. Um zumbido constante, às vezes mais alto, às vezes mais baixo, e que só dá trégua quando os ruídos ao redor da pessoa são mais altos do que aquele produzido na cabeça do paciente. O pior período para quem sofre desta doença é à noite e durante a madrugada, quando os sons ambientais são mais baixos e o zumbido no ouvido parece mais alto.
A empresa alemã ANM, especializada em técnica médica, desenvolveu um aparelho que pretende auxiliar quem sofre com o tinnitus na luta contra o irritante chiado.
Há dois tipos de tinnitus: o objetivo e o subjetivo. O primeiro se forma a partir de uma fonte de ruídos que de fato existe, como por exemplo uma deformação no maxilar ou problemas nas artérias do ouvido. Este tipo não pode ser tratado com o aparelho desenvolvido pela empresa com sede na cidade de Colônia. "Tratamos o tinnitus subjetivo, que geralmente é formado por causa de uma falha adquirida do ouvido", explica Claus Martini, diretor da ANM. "E esta falha adquirida pode ter diversas causas".
Origem no cérebro e não no ouvido
Um trauma acústico, estresse ou a ingestão de medicamentos pode levar o ouvido a não enviar mais certos sinais, em determinadas frequências, ao cérebro. A área do cérebro responsável pela implementação de sinais acústicos – o chamado córtex auditivo – reage, então, emitindo um sinal de erro.
À falta de informações do ouvido, o córtex auditivo responde com uma atividade crescente e sincronizada, o que o paciente percebe como tinnitus. É como se as células nervosas do córtex auditivo se comunicassem apenas entre si, 24 horas por dia, sete dias por semana.
Portanto, a causa do zumbido não está no ouvido, mas no cérebro. O novo aparelho desenvolvido na Alemanha pretende agir nessa região. O equipamento é menor que uma caixa de fósforos e é composto por quatro teclas. "Dois fones de ouvido medicinais tocam os sons terapêuticos de alta frequência", explica Ina Meyer, da ANM. "Há ainda um procedimento que fica por conta do otorrinolaringologista". Ela explica que o aparelho é sintonizado de acordo com as necessidades de cada pessoa.
O paciente leva o aparelho para casa e ouve os sons programados durante quatro ou seis horas consecutivas, diariamente, num período de seis a oito meses. Em casos extremos, o tratamento pode levar o ano inteiro.
Desaprendendo a ouvir os ruídos
Com a repetição dos tons programados no novo aparelho, as células do córtex auditivo devem "desaprender" os tons ouvidos no caso de tinnitus. As superativas células nervosas são estimuladas acusticamente e, assim, tiradas intencionalmente do ritmo. O cérebro tem capacidade de aprendizagem e de se adaptar às mudanças, por isso o tinnitus fica cada vez baixo, até desaparecer totalmente.
Esse conceito da neuroestimulação acústica foi desenvolvido no Centro de Pesquisas de Jülich, no oeste da Alemanha. Pelo seu trabalho, o médico, matemático e físico Peter Tass, um dos inventores do aparelho, recebeu o prêmio alemão de inovação na medicina.
Faça o teste por 12 semanas
"Fizemos um primeiro estudo clínico em 63 pacientes", explica Claus Martini. Destes, "75% responderam bem ao tratamento e perceberam uma diminuição considerável nos sintomas de tinnitus. Os outros pacientes infelizmente não mostraram nenhuma melhora".
Todos os pacientes interessados podem testar o aparelho gratuitamente por 12 semanas. Já neste curto espaço de tempo, deveria ser possível observar uma diminuição nos sintomas de tinnitus. Após o teste, o paciente pode decidir juntamente com seu médico se pretende investir 2.700 euros na compra do equipamento.
Autor: Andreas Sten-Ziemons (br)
Revisão: Roselaine Wandscheer