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DW lança série com rotas dos Patrimônios Mundiais na Alemanha

6 de julho de 2012

Bayreuth acaba de ser escolhida como 37º sítio na Alemanha com "extraordinário significado universal". A Deutsche Welle faz um passeio pelos patrimônios da Unesco na Alemanha.

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Stralsund
Foto: DW/Maksim Nelioubin

Prefeitos, cidadãos, responsáveis por monumentos e ambientalistas de todo o mundo torceram quando, no fim de junho, o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco se reuniu em São Petersburgo, para decidir que novos sítios deveriam integrar a lista. Vinte e seis conseguiram, entre eles a cidade bávara de Bayreuth, que assim se tornou o 37º patrimônio cultural situado na Alemanha.

O projeto multimídia Rotas dos Patrimônios Mundiais na Alemanha, da DW, lança o olhar sobre os tesouros da cultura e natureza que receberam essa distinção. Ele oferece a oportunidade de ficar conhecendo locais de importância universal, por oito diferentes rotas de viagem. Em vídeos, galerias de fotos, textos e entrevistas, pode-se ir do centro histórico de Stralsund à siderúrgica de Völklingen, da igreja de peregrinação de Wies ao Mar de Baixio, de norte a sul, leste a oeste da Alemanha.

Markgräfliches Opernhaus in Bayreuth
Ópera de Bayreuth, mais novo patrimônio mundial na AlemanhaFoto: dapd

Cultura e natureza

A atual lista do Patrimônio Mundial da Unesco contém 961 monumentos em 157 países. O setor cultural das Nações Unidas atribui a todas essas locações "extraordinário significado universal". Um pré-requisito é elas serem excepcionais, ímpares ou pelo menos fora do comum. Dieter Offenhäusser, da comissão alemã da Unesco, menciona mais um critério: "O local tem que ser importante para além das fronteiras do país".

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura distingue duas categorias básicas: a Catedral de Colônia, a Muralha da China ou a cidade antiga de Marrakech, por exemplos, são bens culturais. Complexos urbanos, monumentos arquitetônicos ou industriais, ou obras de arte como pinturas rupestres também contam nessa categoria.

Bens naturais, em contrapartida, são regiões, reservas ou formações geológicas, a exemplo do Mar de Baixio, no norte da Alemanha, as cataratas Vitória, entre a Zâmbia e o Zimbábue, ou o norte-americano Parque Nacional Yellowstone.

Tudo começou no Egito

A centelha inicial para a nomeação de patrimônios mundiais foi a decisão do governo egípcio, na década de 1960, de construir a represa de Assuã, o que implicaria inundar o milenar Templo de Abu Simbel.

Abu Simbel no Egito
Abu Simbel no EgitoFoto: picture-alliance/dpa

Mas o mundo interferiu: em março de 1960, dois meses após o início das obras, a Unesco lançou uma espetacular ação de resgate. Numa corrida contra o tempo e as águas, ela juntou 80 milhões de dólares, que empregou para desmontar 24 monumentos e reconstruí-los em locais mais elevados.

Em 1972, a Unesco publicou a Convenção do Patrimônio Mundial, da qual consta que "o patrimônio cultural e natural está cada vez mais ameaçado de destruição". Para tentar barrar este processo, a organização introduziu a lista de locais a serem protegidos,

"A ideia subjacente é que existem sítios que são tão valiosos para toda a humanidade que seu destino não pode ficar nas mãos de governos isolados", explica Offenhäusser. Em 1978, foram indicados os primeiros 12 monumentos, entre os quais a Catedral de Aachen.

Bens imateriais

No decorrer dos anos, a Unesco inaugurou outros programas. Deste modo, hoje, manuscritos, registros cinematográficos e fonográficos valiosos também podem integrar o Patrimônio Documental Mundial. O comitê indica danças, costumes e tradições artesanais como Patrimônio Mundial Imaterial: até o tango mereceu um título da Unesco.

A cada ano há sempre mais candidatos na Alemanha do que é permitido o país propor. "Existe algo assim como a magia do patrimônio mundial", analisa Dieter Offenhäusser. "O sítio passa a ser parte de um programa internacionalmente reconhecido, mas ao mesmo tempo está bem ali, à porta da própria casa [para os alemães]."

Muitas vezes, o prestígio é o que leva a participar do longo e complicado processo de reconhecimento. E, naturalmente, o título atrai turistas. "De repente, o local consta de todos os guias turísticos."

Mas nem por isso o título deixa de ser controvertido. Os monumentos europeus estão superrepresentados, perfazendo mais da metade de todos os patrimônios. Apenas um quarto destes se encontra em nações em desenvolvimento. Muitas vezes países mais pobres têm que renunciar à apresentação da candidatura, por lhes faltarem verbas para manter os monumentos.

Deutschland Stadt Wismar Altstadt
Cidade alemã de Wismar, na primeira rota do nosso especialFoto: picture-alliance/HB-Verlag

Revogação é possível

A Unesco também pode retirar o status uma vez concedido. Até hoje, isso só aconteceu com dois sítios: a reserva de antílopes órix em Omã e o Vale do Rio Elba, em Dresden. O país árabe pediu, ele próprio, em 2007, para ser retirado da lista do patrimônio mundial. Em vez de proteger o habitat da rara espécie de antílopes, os omanis preferiram extrair petróleo.

No caso da Alemanha, a revogação transcorreu de forma menos voluntária. Dresden decidira construir uma ponte sobre o rio. Isso destruiria a paisagem do Vale do Elba, argumentou a Unesco.

A polêmica que se seguiu agitou todo o país. Mesmo autores como Günter Grass e Martin Walser se intrometeram, considerando que o nome da Alemanha como nação cultural estava em risco. Para os próprios habitantes de Dresden era mais importante a construção da ponte do que a proteção da paisagem – como ficou claro num referendo popular.

No entanto, com sua lista, a organização pretendia, justamente, evitar esse tipo de egoísmo local e nacional. Em vão: em 2009 foi retirado de Dresden o título de Patrimônio da Humanidade.

Uma pena, pois em nosso projeto Rotas dos Patrimônios Mundiais na Alemanha , gostaríamos muito de poder acompanhá-los até um 38º sítio.

O projeto com vídeos, reportagens e entrevistas sobre os sítios da Unesco no país, é composto de oito rotas, a cada sexta-feira lançamos uma (ver no Mozilla Firefox).

Autora: Anja Koch (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer