Dez nomes curiosos em alemão para partes do corpo
Quengo, cheirador, bucho, pinto, butuca: em qualquer idioma, a anatomia humana é um playground ideal para a irreverência e criatividade linguística. Conheça algumas invenções peculiares do alemão coloquial.
Pornobalken
Quem se lembra? Antes da pixelação e outros truques digitais, a censura ocultava imagens consideradas impróprias com tarjas pretas – em alemão, "Pornobalken" (faixas pornô). O fato de vários artistas pornô dos anos 1970 usarem bigode convidou à associação com a palavra. O ornamento foi imortalizado pelo ator Tom Selleck (foto) e reavivado na personagem Borat.
Kummerspeck
"Um segundo na boca, uma eternidade nos quadris" é um fato universal. Contudo, em alemão uma gordurinha não é igual a outra. Em geral, as adiposidades excessivas são apelidadas "Speck" (toucinho). Mas o "Kummerspeck" (toucinho da ansiedade) é especificamente o que nasce da ingestão exagerada de alimentos em reação ao estresse. Enfim, um "pneuzinho psicológico".
Waschbrettbauch
E haja malhação para se livrar da banha extra, seja de estresse ou de gula! Para os homens esportivos – e cada vez mais mulheres –, a meta é clara: conquistar uma "barriga de tanquinho". E aqui o alemão e o português do Brasil coincidem: na língua de Goethe falada nas ruas, o termo equivalente é "Waschbrettbauch" – literalmente, "barriga de tábua de esfregar roupa".
Kauleiste
É preciso uma bela dose de irreverência e imaginação para designar a arcada dentária ou o maxilar como "Kauleiste" (ripa de mastigar). Mas atenção: o termo não é exatamente lisonjeiro, sobretudo quando aplicado à boca, por extensão – e menos ainda para se referir ao rosto inteiro.
Musikantenknochen
O nome científico do nervo do cotovelo – aquele que dá um choque elétrico por todo o antebraço quando se bate nele – é "nervus ulnaris". Em alemão há um termo poético: "osso dos músicos". Circulam duas explicações para tal: uma seria que o choque faz os dedos vibrarem como quando se toca um violão. Já outros evocam o grito que essa sensação provoca. Francamente: nenhuma das versões convence muito!
Mutterkuchen
Uma tendência naturista aconselha às mães consumirem a própria placenta após o parto – como as gatas e outros mamíferos. Se há pudores de comê-la crua, basta integrá-la em vitaminas, lasanhas ou trufas de chocolate. Saudável ou nojenta, bem antes de a placentofagia virar moda os alemães já denominavam carinhosamente esse órgão de "bolo materno". Placenta significa, aliás, "bolo plano" em latim.
Birne
No alemão coloquial, "pera" é uma das denominações para cabeça. Quem "tem algo na pera" é inteligente, quem "tem a pera mole" é um tanto débil. E está claro o que ocorre quando alguém "leva uma na pera". Como se não bastasse seu sobrenome significar "repolho", o ex-premiê Helmut Kohl (foto) era chamado de "Birne" – por motivos claramente anatômicos –, apelido imortalizado em inúmeras caricaturas.
Kartoffel
Outra parte do corpo humano que os alemães gostam de equiparar a vegetais é o nariz. Um "Kartoffel" (batata) ou "Knolle" (tubérculo) é geralmente grande e bulboso. Mas "Gurke" (pepino) também é uma opção – a ser usada com cautela.
Dicker Onkel
O dedão do pé é apelidado "tio gordo" em alguns dialetos alemães. Embora, sem dúvida, o termo combine com a aparência do primeiro artelho, tão dominante e exposto a topadas, segundo os etimólogos "Onkel" não seria "tio", mas uma corruptela do francês "ongle" (unha).
Geheimratsecken
Injusto o clichê de que os alemães seriam pouco otimistas! Até na constrangedora situação em que, nos homens de meia idade, a linha da cabeleira começa a recuar encontra-se uma palavra de consolo: as entradas são "Geheimratsecken" (entradas de conselheiro secreto), como no penteado típico dos consultores pessoais dos antigos monarcas. Ou seja: o que se perdeu em cabelo, compensa-se com prestígio.