Desmatamento: menos 50% na Amazônia, 43% a mais no Cerrado
5 de janeiro de 2024Em 2023 a área sob alerta de desmatamento na Amazônia caiu pela metade, na comparação com o ano anterior. No bioma Cerrado, houve aumento de 43% nas áreas em alerta. Esses dados foram divulgados nesta sexta-feira (05/01) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a partir de seu Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), e abrangem até 29 de dezembro.
Na Amazônia Legal, a área desmatada foi a menor desde 2018: 5.152 quilômetros quadrados, contra 10.278 km2 em 2022. O Pará foi o estado que registrou a maior área de vegetação destruída, 1.902 km2, seguido pelo Mato Grosso, com 1.408 km2 e o Amazonas com 894 km2. Os três também são os líderes da série histórica.
A Amazônia Legal é uma região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.
No Cerrado, em contrapartida, a área sob alerta de desmatamento no primeiro ano do mandato do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva foi a maior da série histórica do Deter no bioma, abrangendo 7.828 km2 – em 2022 haviam sido registrados 5.463 km2.
Redução graças a atividade do Ibama
Citada pelo site G1, Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima (OC), atribuiu a queda do desmatamento na Amazônia sobretudo à intensificação do trabalho do Ibama.
"Aumentou bastante o número de operações, de campo e remotas, assim como as multas aplicadas e a apreensão de instrumentos e produtos do crime ambiental. O desafio agora é aplicar o PPCDAm [Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal] em sua integralidade, reforçando a correta destinação das florestas públicas e o fomento a atividades produtivas sustentáveis."
Números do relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), considerado o mais preciso para medir as taxas anuais, já apontavam essa queda em 2023. O documento divulgado em novembro apontou uma redução de 2.593 km2 (22%) na taxa entre agosto de 2022 e julho de 2023 (ano-referência), a menor para uma temporada do Prodes desde 2019.
Negligência estadual no Cerrado
O Cerrado vem registrando alta no desmate desde 2020. Em 2023, a área sob alerta foi de 7.828 km2, a maior desde o começo das medições do Deter no segundo maior bioma do país.
Segundo o Inpe, Maranhão foi o estado do bioma que teve a maior área de vegetação nativa suprimida (1.765 km2), seguido por Bahia (1.727 km2), Tocantins (1.604 km2) e Piauí (824 km2).
A manutenção do Cerrado é condição para a distribuição da água pelo Brasil. O bioma, por ter o solo mais alto, absorve a umidade e leva água para oito das 12 bacias importantes para o consumo de água e geração de energia no país.
Suely Araújo lembra que o desmatamento no bioma é lastreado em autorizações dos órgãos ambientais estaduais: "Os entes subnacionais não estão tendo a atenção necessária para a proteção do Cerrado, estão flexibilizando autorizações. O ministério terá de trabalhar muito essa interação federativa."
Em novembro, o Inpe divulgou o balanço do projeto Prodes Cerrado, que apontou um aumento de 3% no desmatamento em 2023. Entre agosto de 2022 e julho de 2023, o bioma perdeu 11.011 km2 de vegetação nativa.
Deter e Prodes
Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km2), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
Trata-se de um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, feito pelo Inpe. Foi desenvolvido como apoio à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal. Os índices levam em conta o chamado ano civil, o período total de janeiro a dezembro.
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) é considerado o sistema mais preciso para medir as taxas anuais.
av (ots)