Deputado alemão é afetado por medida de Trump
29 de janeiro de 2017O deputado alemão de origem iraniana Omid Nouripour simboliza a irracionalidade da política de suspensão de acolhimento de refugiados e proibição temporária de cidadãos de sete países de maioria muçulmana de entrar nos Estados Unidos.
Ele não é somente deputado federal pelo Partido Verde alemão, mas também vice-presidente do grupo parlamentar de amizade teuto-americana, membro do Conselho da Ponte Atlântica e Associação Atlântico-Alemã – todos esses órgãos trabalham para fortalecer os laços entre os Estados Unidos e a Alemanha.
Em entrevista, o deputado falou que é simplesmente "ridículo impor uma proibição de entrada generalizada." Como exemplo, ele mencionou seu filho: "Olhem o caso do meu filho. Ele tem sete anos de idade, nasceu em Berlim e tem mãe alemã – e não tem nada a ver com o Irã. Mesmo assim, atualmente, ele não pode viajar para os EUA."
Nouripour afirmou ainda que a ordem de Trump poderá reforçar o jihadismo. "Aposto que, nos próximos dias, vão aparecer vídeos em plataforma jihadistas mostrando crianças de cinco anos separadas de suas mães."
DW: O que está em jogo na nova política de imigração de Donald Trump?
O que está em jogo? Não se trata de segurança, mas de uma política simbólica suja que envenena nossas sociedades. As pessoas dos sete países afetados devem sentir isso como uma ameaça. Se eles quisessem falar de segurança, eles deveriam falar dos países que estiveram envolvidos nos atentados de 11 de setembro.
Estou muito contente e muito orgulhoso de todas as pessoas que protestam nos aeroportos americanos. Também em relação aos advogados que ali se engajam voluntariamente, tendo conseguido muito. Essas pessoas são a melhor razão para dizer: não importa qual seja a intenção do governo, eu sempre amarei os EUA. Eu acredito no elo transatlântico. Já visitei 40 anos e sou vice-presidente do grupo parlamentar teuto-americano.
É simplesmente ridículo impor uma proibição de entrada generalizada. Olhem o caso do meu filho. Ele tem sete anos de idade, nasceu em Berlim e tem mãe alemã – e não tem nada a ver com o Irã. Mesmo assim, atualmente, ele não pode viajar para os EUA. Por quê? Porque ele é uma ameaça? Ainda não se trata de uma proibição geral para muçulmanos, mas poderia se desenvolver nessa direção. Por isso é tão importante apoiar as pessoas que querem impedir isso.
O que você espera do governo alemão?
Estima-se que mais de 100 mil pessoas na Alemanha estejam afetadas por esta regra, porque elas têm dupla nacionalidade. No país, há 70 mil iranianos com dupla cidadania. Eu quero que o governo federal se esforce ao menos por essas pessoas e seus interesses.
O que a Alemanha e a Europa podem fazer agora?
O melhor seria se os europeus se mantivessem unidos. Mas isso não vai acontecer. Por exemplo, o presidente da República Tcheca já disse que gostaria de apoiar a proibição de entrada de Trump e que o vê como um aliado na luta contra a política de refugiados da União Europeia (UE).
A Alemanha deveria cuidar ao menos dos seus cidadãos que estão impedidos agora de se movimentar livremente. Hoje, deve-se dizer ao governo Trump alta e claramente: este não é um bom começo.
Muitos amigos e colegas já me escreveram uma carta de apoio. Eles me disseram que, por solidariedade, não querem viajar para os EUA. Acho que isso é errado. Eles precisam agora mostrar a sua solidariedade com os movimentos nos EUA. Vão até lá! Falem com as pessoas!
O objetivo é envenenar a sociedade. Esse será o efeito dessa medida. A mensagem para jovens muçulmanos em todo mundo: as sociedades ocidentais não querem vocês.
Você acha que isso irá reforçar o jihadismo?
Absolutamente. Eu aposto que, nos próximos dias, vão aparecer vídeos em plataforma jihadistas mostrando crianças de cinco anos separadas de suas mães.
Você tem um passaporte diplomático?
Sim, mas isso não quer dizer que eu tenha status de diplomata e possa entra nos EUA.