Rodada Doha
29 de julho de 2009As reuniões para ressuscitar a fracassada Rodada Doha estão a todo vapor em Genebra. A Organização Mundial do Comércio afirmou que os líderes de governo e ministros do Comércio voltaram a se comprometer a concluir um acordo até final de 2010.
Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, afirmou nesta terça-feira (28/07) que a recessão global serviu como lembrete da importância das negociações de Doha.
"Sabemos que esta crise não tem precedentes em sua dimensão, profundidade e impacto global. Temos que agir coletivamente para enviar os sinais certos e estabelecer um ambiente comercial adequado com vista à recuperação sustentável de todos", afirmou Lamy.
Quando as Rodadas Doha fracassaram, há três anos, o comércio mundial estava acelerado e parecia que os bons tempos da economia nunca iriam acabar. A situação agora é bem diferente. Economistas da OMC preveem que o comércio mundial irá encolher 10% em 2009, algo que não se via desde a Segunda Guerra Mundial.
Comércio para tirar o mundo da crise
O porta-voz da OMC, Keith Rockwell, afirmou que é crescente o reconhecimento de que o comércio foi vítima da crise econômica. Ao mesmo tempo, Rockwell salientou que justamente o comércio poderia ser um importante instrumento para tirar o mundo da crise.
"A abertura de mercado a ser viabilizada pela Rodada Doha acarretará, de fato, um corte tributário de cerca de 150 bilhões de dólares. Fatos como esses poderão ser um importante estímulo para a recuperação da economia", disse o porta-voz.
Rockwell acresceu que a maioria dos países evitou tomar medidas excessivamente protecionistas, por estarem cientes de que a contração do comércio e tais medidas iriam prejudicar a economia e dificultar a recuperação.
OMC alerta para protecionismo
Apesar disso, existe grande pressão interna para um maior protecionismo em quase todos os países. Agora, uma forma de intensificar as transações comerciais é assegurar o livre comércio e é isso que a Rodada Doha faria. O que se precisa fazer na mesa de negociações em Genebra é transformar em ação essa grande demonstração de apoio político, exigiu a OMC.
As negociações não serão fáceis. Os problemas que arruinaram o último acordo são complexos e continuam sem solução. Divergências maiores sobre o acesso aos mercados de um e de outro continuam a separar nações ricas das nações pobres.
Enquanto os Estados Unidos, Europa e Japão tentam pressionar o acesso a mercados globais, países emergentes, como Índia e Brasil, relutam em aceitar tal abertura até que os países desenvolvidos eliminem os grandes subsídios à sua produção doméstica.
"Percorremos um longo caminho e, provavelmente, não estamos longe do final da nossa jornada", declarou o diretor-geral da OMC. "Mas sabemos que a reta final será árdua", acresceu.
Autora: Lisa Schlein
Revisão: Simone Lopes