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Criminalidade econômica se alastra na Alemanha

15 de julho de 2002

Nos EUA, atualmente muitos preferem confiar num político do que num empresário. A criminalidade econômica já atravessou o oceano: também na Alemanha gerentes e funcionários corruptos provocam enormes estragos.

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Um respeitável senhor, diplomado, pai de família e com uma renda bem acima da média: este o perfil do típico empresário criminoso alemão. Não se deixe enganar pelas aparências: entra ano, sai ano, este gângster de gravata causa prejuízo superior ao de todos os ladrões de lojas, residências e bancos, juntos. Segundo estatística recente do Departamento da Polícia Federal Alemã, a soma calculável está em torno dos 6,8 bilhões de euros, porém o dano real causado pela criminalidade econômica é certamente muito superior.

Nos últimos meses, escândalos como os negócios forjados da provedora de telemática ComROAD e do fabricante de furadeiras FlowTex ou a falsificação de balanços da firma de software Phenomedia fizeram manchete na Alemanha. Contudo, a maior parte das fraudes nem chega a público, ou por não serem descobertas ou porque as empresas preferem acobertar os culpados.

Um campo vasto

Apesar de tratada pelo Código Penal "criminalidade econômica" não é um campo delimitado, sua definição precisa é quase impossível. No jargão dos investigadores alemães: "wikri", uma abreviatura de Wirtschaftskriminalität. Trata-se de um termo genérico para uma série de delitos, tanto com o fim de prejudicar as empresas, em aumentar os lucros das mesmas por meios ilegais ou em subtrair parte dos mesmos dos olhos do fisco. Na lei, o conceito engloba tanto espionagem industrial e suborno, como furto, desfalque, agiotagem e muito mais.

Imprecisão à parte, em 2001 foram revelados mais de 111 mil casos de criminalidade econômica na Alemanha. Apesar de representar apenas uma modesta fração dos 6,3 milhões de crimes investigados em todo o país, nenhum outro campo da ilegalidade envolve tanto dinheiro. A polícia federal calcula um valor médio de 61.100 euros por delito, mesmo sabendo que é impossível avaliar as proporções reais.

Como precisar o prejuízo de um crédito recusado ou as perdas com a queda na Bolsa de Valores? "Além disso há o enorme dano não material que é a perda de reputação ou de credibilidade", acrescenta Berthold Schweigler, presidente do Grupo de Trabalho pela Segurança na Economia (ASW). "Muitas vezes se esquece que não apenas os criminosos fazem parte do empresariado, mas também as vítimas."

Um estudo da sociedade de auditoria econômica PricewaterhouseCoopers, 46,5% das empresas alemãs já foram vítimas de atividade criminosas: um dos primeiros lugares entre os países mais atingidos da Europa, onde a média é de 28%. Entre os medos maiores dos empresários da Alemanha estão o desfalque, fraude informática (cybercrime), malversação e suborno.

Empresário: criminoso, vítima e policial

Há muito se considera as medidas coibitivas contra esta forma tão "respeitável" de criminalidade. Nos próximos meses o governo de Berlim pretende fundar um cadastro central anticorrupção, para excluir firmas desonestas da concorrência por contratos oficiais. Alguns estados até já dispõem de um tal index.

Entretanto, os peritos concordam que, antes de tudo, a luta contra a criminalidade econômica deve ser travada pelo próprio empresariado. O conselho da ASW é: "Até mesmo no andar da diretoria, o princípio dos quatro olhos deve prevalecer." Ou seja, mesmo o presidente ou diretor geral só devem negociar um contrato na presença de um colega.

av