Cor-de-rosa a peso de ouro
21 de dezembro de 2017De lâminas de barbear e cortes de cabelo a brinquedos infantis, as mulheres pagam regularmente mais na Alemanha por produtos e, sobretudo, por serviços praticamente iguais, mas comercializados de forma diversa, segundo uma pesquisa divulgada pela agência federal antidiscriminação ADS.
No maior estudo sobre o assim chamado gender-pricing (atribuição de preço conforme o gênero, em tradução livre) já realizado no país, o órgão identificou os cabeleireiros e as lavanderias a seco como os piores vilões da desigualdade. Dos 381 serviços pesquisados, 59% tinham preços diferentes para homens e mulheres, embora fossem praticamente idênticos. Já entre os produtos, a diferença foi bem menor: dos 1.682 itens pesquisados, apenas 3,7% apresentaram diferença de preço para homens e mulheres.
Segundo Christine Lüders, diretora da agência antidiscriminação, "se uma pessoa tem que pagar mais só devido a seu sexo, então isso transgride o preceito contra a discriminação". Na Alemanha, as mulheres recebem, em média, salários 21% inferiores aos dos homens, e são assim duplamente prejudicadas.
Cor-de-rosa é o novo ouro
O citado preceito antidiscriminação não chegou ainda à realidade do mercado alemão. Entre os exemplos do assim chamado "imposto rosado", estava um pacote cor-de-rosa com quatro lâminas descartáveis, vendido no mercado popular Aldi por 4,49 euros, enquanto a versão azul "para homens" custava 3,89 euros.
No website da loja de brinquedos Toys 'R' Us, um balão saltador da Disney estampado com as princesas do filme de animação Frozen custava 8,99 euros, contra 7,98 euros para a versão com as personagens de Carros, tendo meninos como público-alvo.
Lavagem a seco e corte de cabelo inflacionados
O estudo mostrou que, em serviços envolvendo mais ou menos o mesmo tempo e trabalho, 89% dos cabeleireiros inflacionam seus preços para a clientela feminina (em média 12,50 euros a mais para um corte de cabelos curtos), assim como 32% das lavanderias (1,80 euro a mais para uma blusa feminina do que para uma camisa de homem).
Lüders recomendou aos cabeleireiros "estabelecer o preço baseado em cada tipo de serviço prestado e não simplesmente cobrar mais caro de acordo com o sexo". A diretora da agência antidiscriminação citou como exemplo positivo a Áustria, onde os cabeleireiros já adotaram tabelas de preços com neutralidade de gênero. A ADS disse esperar ter conscientizado os consumidores sobre as discrepâncias existentes, pedindo que monitorem mais de perto a discriminação de gêneros através da marcação de preços.
AV/afp,dpa,dw