Conversas interceptadas sugerem bomba em avião russo
6 de novembro de 2015Os serviços secretos americano e britânico teriam interceptado conversas de supostos terroristas afirmando que havia uma bomba no avião russo que caiu na Península do Sinai, no Egito, segundo revelaram fontes de inteligência nesta sexta-feira (06/11).
As fontes, que falaram na condição de anonimato, disseram que algumas avaliações de governos envolvidos na investigação partiram de comunicações interceptadas entre militantes do "Estado Islâmico" (EI) na Síria e um grupo radical egípcio sediado no Sinai e aliado dos jihadistas no Egito.
"Nós ainda não podemos ser categóricos, mas há a possibilidade distinta e credível de que havia uma bomba", disse a fonte, ressaltando que ainda não há provas categóricas e evidências científicas que comprovem a suspeita.
De acordo com informações do jornal britânico The Times, satélites estariam sendo utilizados pelos serviços de inteligências do Reino Unido e dos EUA para monitorar conversas entre os terroristas.
"O tom e conteúdo das mensagens convenceram os analistas de que uma bomba foi transportada para bordo por um passageiro ou um funcionário de terra do aeroporto", relatou o periódico.
Segundo uma fonte do governo americano, a conversa interceptada sobre a bomba revelava detalhes sobre onde ela deveria ser colocada no avião russo. O Airbus A321 partiu no sábado do balneário egípcio de Sharm el-Sheikh com destino a São Petersburgo, na Rússia, com 224 pessoas a bordo. O voo foi interrompido cerca de 20 minutos após a decolagem.
As primeiras análises de uma das caixas-pretas do avião confirmaram o caráter "violento e rápido" dos acontecimentos que levaram a queda do avião, afirmou nesta sexta-feira a agência de notícias AFP, com base em informações de uma fonte ligada à investigação.
Voos suspensos
O Reino Unido foi o primeiro país a admitir a suspeita de que um atentado terrorista causou tragédia no Sinai, suspendendo na quarta-feira todos os voos de e para o balneário egípcio de Sharm el-Sheikh.
Longo em seguida, foi a vez de fontes de segurança dos EUA e da Europa afirmarem que havia evidências de que uma bomba colocada por um grupo afiliado do EI seria a provável causa do desastre. Egito e Rússia, no entanto, contestaram a afirmação e disseram ainda ser muito cedo para confirmar tal hipótese.
Mas nesta sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a suspensão de todos os voos da Rússia para o Egito até que a causa de um desastre aéreo seja esclarecida. A medida foi tomada após uma recomendação de Alexander Bortnikov, chefe do serviço de inteligência russo (FSB).
Um grupo radical egípcio sediado no Sinai e aliado do "Estado Islâmico" reivindicou a responsabilidade pela queda do avião, dizendo tê-lo derrubado em resposta à intervenção militar russa na Síria. Se confirmada essa suspeita, este seria o primeiro ataque do grupo extremista na aviação civil.
CN/rtr/lusa/afp