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Conselho de Segurança "profundamente preocupado" com Ucrânia

7 de maio de 2022

Apesar de unânime, resolução da ONU é branda e não menciona "guerra" nem "invasão". EUA concedem mais ajuda militar a Kiev, mas alertam que seus recursos estão se esgotando. Itália apreende possível iate de Putin.

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Visão panorâmica do plenário do Conselho de Segurança da ONU
Rússia não bloqueou no Conselho de Segurança a resolução contra sua própria guerra de agressãoFoto: Spencer Platt/Getty Images

Pela primeira vez, mais de dois meses desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas divulgou uma resolução conjunta sobre o assunto, na noite desta sexta-feira (06/05). Por unanimidade – portanto também com o voto de Moscou – ele declarou sua "profunda apreensão relativa à manutenção da paz na Ucrânia". O texto, contudo, não  menciona uma "guerra", "invasão" ou sequer "conflito".

Embora a medida seja considerada a mais débil possível, partindo do grêmio mais poderoso das Nações Unidas, este também saudou os esforços de mediação do secretário-geral da ONU, António Guterres. Alguns analistas veem aí um vislumbre de esperança de que algo entre em movimento na diplomacia paralisada do Conselho.

Segundo Richard Gowan, do think tank Crisis Group: "Depois do encontro do secretário-geral com o presidente russo, Vladimir Putin, este é um sinal de que a Rússia e o Ocidente estão prontos a dar a Guterres a chance para mais diplomacia de mediação."

O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes, com poder de veto – China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia – e dez não permanentes. Desde que marchou sobre a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Rússia, com seu poder de veto, tem bloqueado todo tipo de ações do Conselho referentes a essa guerra de agressão. Diplomatas ocidentais registram profunda polarização no trato quotidiano com os representantes de Moscou.

Soldados americanos em veículos militares
Tropas americanas na fronteira entre Ucrânia e PolôniaFoto: Maciej Luczniewski/NurPhoto/picture alliance

Mais ajuda militar americana para Kiev

O presidente dos EUA, Joe Biden, concedeu mais recursos militares para a Ucrânia se defender da guerra de agressão russa. O pacote no valor de US$ 150 milhões inclui munição de artilharia, radares e outros equipamentos. O apoio americano "juntamente com as contribuições de nossos aliados e parceiros, tem sido vital em ajudar a Ucrânia vencer a batalha de Kiev e frustrar as metas bélicas de Putin", afirmou Biden.

Na ocasião, porém, o político democrata advertiu: "Com o anúncio de hoje, minha administração praticamente esgotou o financiamento que pode ser usado para enviar assistência de segurança para a Ucrânia através das autoridades de retirada."

O mandatário instou o Congresso americano a liberar as ajudas bilionárias já aprovadas. Desde o começo da guerra, os EUA concederam ou já entregaram à nação invadida mais de US$ 3,7 bilhões em armas e munição. No entanto Biden deseja assistência muito mais abrangente, e pediu ao Congresso outros US$ 33 bilhões para apoio militar e humanitário.

Falando ao semanário alemão Welt am Sonntag, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, conclamou a comunidade mundial a seguir apoiando concretamente a ex-república soviética sob ataque.

"A Ucrânia necessita urgentemente armamentos pesados, o Ocidente deve intensificar seus fornecimentos, fazer ainda mais, e se preparar para um engajamento de longo prazo." Segundo o político norueguês, o conflito poderá ainda durar meses ou até anos.

Visão do porto Marina di Carrara, na Itália, com o iate Scheherazade
Super-iate Scheherazade tem dois heliportos e é avaliado em US$ 670 milhõesFoto: Federico Scoppa/AFP/Getty Images

Itália apreende possível iate de Putin

O Ministério da Economia da Itália apreendeu um super-iate de luxo, no âmbito das sanções da União Europeia contra a Rússia pela guerra na Ucrânia. Segundo as investigações do órgão, os proprietários teriam "consideráveis ligações econômicas e comerciais" com "personalidades importantes do governo russo", as quais não identificou.

Com seis andares e valor estimado de 670 milhões de euros, o Scheherazade se encontrava desde setembro de 2021 no estaleiro de Marina di Carrara, na região da Toscana. A mídia italiana informa que a embarcação trafega sob a bandeira das Ilhas Cayman e está registrada no nome de uma empresa das Ilhas Marshall.

Por sua vez, membros da fundação anticorrupção do opositor do Kremlin Alexei Navalny – atualmente preso em processo questionável – atribuem ao presidente russo a propriedade do mega-iate. Autoridades americanas também já haviam comentado ao jornal The New York Times que ele poderia pertencer a Putin, porém não há qualquer confirmação oficial.

O Scheherazade foi construído em 202 pela firma alemã Lürssen. Segundo o website SuperYachtFan, ele possui dois heliportos, piscina e cinema próprio. Em meio a apelos crescentes para que o iate fosse incluído nas sanções da UE, atividade recente no cais sugeria que a tripulação estava se preparando para colocá-lo no mar. Diversas embarcações semelhantes pertencentes a oligarcas russos já foram confiscadas pelas autoridades europeias.

av (Reuters,AFP,AP,DPA)