Líbia
8 de março de 2011Segundo Anders Fogh Rasmussen, secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), não haverá uma invasão da Líbia por forças da aliança militar sem uma ordem expressa das Nações Unidas para tal. Rasmussen afirmou à televisão alemã, na noite de segunda-feira (07/03), que uma operação da Otan no país só será viável se associada a um mandato das Nações Unidas. A afirmação diz respeito também a um possível bloqueio do espaço aéreo líbio.
A aliança militar está "preparada para todas as eventualidades", declarou Rasmussen, embora até o momento não esteja em vista nenhuma resolução da ONU neste sentido. Possível, no entanto, acrescentou o secretário-geral da Otan, é que a comunidade internacional não continue a tolerar mais os crimes de Muamar Kadafi contra a população de seu próprio país.
A Otan ampliou ainda mais a vigilância sobre a Líbia através do uso de aviões de reconhecimento Awacs. As ações militares do governo líbio estão sendo registradas 24 horas por dia, informou Ivo Daalder, embaixador norte-americano na Otan.
Troca de informações sobre exclusão aérea
O Reino Unido e a França estão trabalhando em prol da instituição de uma zona de exclusão aérea na Líbia e pretendem conseguir rapidamente o aval dos 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU para tal, informam diplomatas das Nações Unidas.
Os ministros da Defesa dos 28 países-membros da Otan irão discutir na próxima quinta-feira sobre essa possibilidade. Um dos líderes dos rebeldes na Líbia, o ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil, apelou ao Ocidente para que essa medida seja tomada o mais rápido possível. "A Aeronáutica precisa parar de poder nos bombardear", disse Jalil em entrevista à revista alemã Stern.
Controvérsias nos EUA
Nos EUA, a decisão sobre um bloqueio do espaço aéreo líbio continua suscitando polêmica. Entre os membros do governo, crescem vozes contrárias à medida. Para John Kerry, um dos políticos democratas mais influentes nos EUA e presidente da comissão de relações internacionais do Senado, "os EUA deveriam, em acordo com seus aliados na Otan, preparar o bloqueio".
A Casa Branca reagiu de imediato às declarações de Kerry. Nas palavras de Bill Daley, chefe de gabinete da presidência, "tem gente que defende com veemência a zona de exclusão aérea, infelizmente com pouco conhecimento de causa". Em declaração à emissora norte-americana NBC, Daley argumentou que, no momento, fala-se sobre a medida como se tudo "fosse um videogame".
Postura da UE
O regime de Kadafi sofre também ameaças de novas sanções por parte da União Europeia. Concretamente cogita-se congelar o patrimônio de mais empresários líbios na Europa, afirmam diplomatas europeus em Bruxelas.
Além disso, é possível que sejam bloqueadas mais contas bancárias líbias na Europa. Uma decisão concreta a esse respeito pode ser tomada durante a cúpula extraordinária da UE para debater a questão da Líbia, agendada para a próxima sexta-feira.
Mais combates sangrentos
Nesta segunda-feira, as forças fiéis a Kadafi atacaram novamente cidades e pontos tomados pelos rebeldes. As tropas do governo encurralaram os insurgentes com tanques de guerra. De acordo com informações da emissora árabe Al Jazeera, os rebeldes mantêm Sawija sob controle. A cidade fica cerca de 50 quilômetros a oeste de Trípoli e foi, nos últimos dias, palco de combates pesados, com um saldo de muitos mortos e feridos.
Consta que também Bin Jawad, situada no meio da linha costeira líbia, encontra-se novamente sob controle das forças de Kadafi, enquanto o porto petrolífero Ras Lanuf ainda continua sendo alvo de combate.
Os países árabes do Golfo Pérsico condenaram as investidas das forças do governo contra os oposicionistas. Abdul Rahman Hamad al Attijah, secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, afirmou que o massacre perpetrado pelo regime de Kadafi sobre a população de seu próprio país é "um crime contra a humanidade".
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Revisão: Augusto Valente