1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Companhias aéreas se comprometem a zerar emissões até 2050

5 de outubro de 2021

Com a nova meta, setor de aviação deve eliminar 21,2 gigatoneladas de emissões de carbono nas próximas três décadas. Compromisso foi assumido por 290 empresas, que compreendem 82% do tráfego aéreo global pré-pandemia.

https://p.dw.com/p/41G7v
Avião decolando. Céu azul sem nuvens ao fundo. Avião é da United.
Setor aéreo responde por cerca de 3% das emissõesFoto: Bayne Stanley/ZUMA Wire/imago images

Companhias aéreas de todo o mundo se comprometeram nesta segunda-feira (04/10) a zerar as emissões de carbono até 2050. O compromisso foi assumido em resolução aprovada na abertura da 77ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês), que ocorre em Boston, nos Estados Unidos.

"Para a aviação, o zero líquido é um compromisso ousado e audacioso. Mas também é uma necessidade", disse Willie Walsh, diretor-geral da Iata, reforçando que as decisões tomadas na assembleia garantirão "a liberdade de voar para as gerações futuras".

Com o compromisso, o setor de aviação eliminará 21,2 gigatoneladas de emissões de carbono nas próximas três décadas.

A Iata representa 290 companhias aéreas, compreendendo 82% do tráfego aéreo global pré-pandemia. O setor de aviação civil atualmente é responsável por cerca de 3% das emissões globais.

Estratégias para atingir a meta

Para alcançar as metas, a estratégia será baseada no uso de combustíveis sustentáveis, nova tecnologia de aeronaves, operações e infraestrutura mais eficientes e o desenvolvimento de fontes de energia com emissão zero, como eletricidade e hidrogênio. Nesta segunda-feira, por exemplo, a organização sem fins lucrativos Atmosfair abriu a primeira fábrica do mundo para produzir combustível limpo para aviões.

As emissões que não puderem ser eliminadas na fonte serão tratadas com opções externas ao setor, como captura e armazenamento de carbono "e programas de compensação confiáveis".

Walsh estimou que 65% das emissões totais do setor serão eliminadas graças ao uso de combustíveis sustentáveis, 13% através de novas tecnologias de propulsão, como as baseadas no uso de hidrogênio, e 3% em melhorias de eficiência. Do restante, 11% serão tratados com medidas de captura e armazenamento de carbono e 8% através de programas de compensação.

"Qualquer que seja o caminho final para a emissão zero, o que é absolutamente certo é que a única forma de alcançá-lo será com a participação da cadeia de valor e dos governos", disse Walsh.

Política de incentivos

Walsh também advertiu que as tentativas de reduzir o número de voos como parte da solução para reduzir as emissões do setor serão contraproducentes e defendeu, em vez disso, a utilização de incentivos.

"Limitar os voos com impostos retrógrados e punitivos irá asfixiar os investimentos e poderá restringir as viagens aéreas aos mais ricos. E nunca vimos um imposto ambiental que realmente financie atividades que reduzam as emissões de carbono", afirmou.

"Os incentivos são a forma de comprovar sua eficácia. Resolvem o problema, criam empregos e aumentam a prosperidade", concluiu o diretor-geral da Iata.

A promessa da Iata ocorre poucas semanas antes da conferência das Nações Unidas sobre mudança climática (COP26), no Reino Unido, que começa em 31 de outubro, em meio a um crescente clamor público por ações de preservação do clima.

Walsh garantiu que a "prova da boa-fé" do setor é que as companhias aéreas já "investiram centenas de bilhões de dólares em aeronaves mais econômicas", com a eficiência do combustível da frota melhorando em mais de 20% em uma década.

Perdas devido à pandemia

O compromisso de emissões zero foi firmado em um momento delicado para as companhias aéreas, que perderam bilhões de dólares com as restrições de viagens impostas para conter a pandemia de covid-19.

Por isso, Walsh destacou que a nova meta será um desafio para muitas empresas. No entanto, algumas já estão no caminho.

"Muitos nesta sala - individualmente ou em grupos - já deram esse passo", disse Walsh aos executivos das principais companhias aéreas. "Para outros, este será um desafio adicional em um momento muito difícil", afirmou, referindo-se aos efeitos da pandemia.

Segundo a Iata, as companhias aéreas perderão cerca de 51,8 bilhões de dólares este ano e outros 11,6 bilhões de dólares em 2022.

Walsh descreveu o déficit como "enorme", mas disse que o setor "já passou da fase mais profunda da crise".

A recuperação varia por região, sendo a América do Norte a única área projetada para gerar lucros em 2022.

A previsão é que a Europa permaneça no vermelho, com perdas de 9,2 bilhões de dólares em 2022 - em comparação com uma perda de 20,9 bilhões de dólares estimada para este ano.

As operadoras da região Ásia-Pacífico, América Latina, Oriente Médio e África também devem ter perdas menores em 2022 em comparação com o ano em curso.

A Iata estima, para 2022, um número total de passageiros de 3,4 bilhões, semelhante aos níveis de 2014, mas bem abaixo dos 4,5 bilhões de 2019, ano anterior à pandemia.

le (efe, afp, ots)