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Como fazer seu filho comer frutas, verduras e legumes

Brigitte Osterath (av)27 de janeiro de 2016

Pesquisadores recomendam o consumo de sete porções diárias de vegetais. Qual o segredo para driblar a resistência das crianças e o bombardeio de propaganda de doces e fast food e convencê-las a ter uma dieta saudável?

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Foto: picture-alliance/dpa

Se já é bastante difícil conseguir que as crianças comam cinco porções de vegetais por dia, como fazê-las consumir sete?

Há anos a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que se ingiram diariamente cinco porções de legumes, verduras e frutas – alimentos pobres em energia, porém ricos em vitaminas, minerais, fibras e outras substâncias necessárias à saúde humana.

No entanto, um estudo mais recente do University College London concluiu que essa quantidade não é suficiente, e que o mínimo seriam sete porções. Baseados em relatórios de saúde de toda a Inglaterra, os pesquisadores confirmaram que o consumo de vegetais está associado a uma queda na mortalidade em geral, reduzindo o risco de pressão alta, doenças cardiovasculares e infarto.

Questão de quantidade

Mas será realista esperar que as pessoas comam sete porções de frutas, legumes e verduras todos os dias? Para algumas, é difícil encontrar tempo para sequer se alimentar durante a jornada de trabalho.

Segundo Antje Gahl, porta-voz da Sociedade Alemã de Nutrição (DGE), o essencial não é o número de porções ou a frequência com que são consumidas, mas sim a quantidade total. A OMS recomenda 400 gramas desses alimentos por dia.

"Legumes e verduras são ainda melhores do que frutas, por conter menos açúcar", acrescenta Gahl. Mas a variedade também conta: deve-se procurar não consumir o mesmo tipo de vegetal o dia todo, nem todos os dias. É também mais fácil ter variedade quando se evita comer uma grande quantidade de uma só vez: pequenas porções são melhores.

Esse, aliás, é o motivo por que a noção de porção é tão empregada pelos nutricionistas. Por outro lado, "falar de porções pode criar confusão, pois não está definido a quanto a medida equivale exatamente", aponta Gahl. Por exemplo, um prato principal de legumes acompanhado de salada equivale a duas porções, ainda que servidas na mesma refeição.

Contornando a resistência infantil

No entanto, a parte realmente difícil é convencer as crianças a comerem vegetais. Segundo a porta-voz da DGE, as que contam entre quatro e seis anos de idade deveriam ter 200 gramas de legumes e verduras e 200 gramas de frutas incluídas em sua alimentação diária.

Só que, como já puderam constatar tantos pais, argumentos como "faz bem à saúde" ou "reduz a mortalidade" pouco impressionam uma criança de cinco anos: de seu ponto de vista, chocolate é tão saudável quanto legumes – e muito mais gostoso.

"Vegetais são pobres em calorias, de que as crianças aprendem a gostar, porque precisam de energia para crescer", explica Sylvie Issanchou, coordenadora do projeto de pesquisa HabEat. Por outro lado, alguns legumes têm textura fibrosa e gosto amargo, e "primeiro é preciso aprender a gostar do amargor".

O HabEat reúne 11 instituições de pesquisa de seis países europeus, com o objetivo de promover o consumo de vegetais por crianças com idades entre seis meses e seis anos.

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Frutas devem ser consumidas com moderação, pois contêm mais açúcar que legumes e verdurasFoto: picture-alliance/dpa

Os responsáveis devem ser persistentes, aconselha Issanchou, oferecendo o vegetal repetidamente, "mesmo que a primeira reação do bebê não seja muito positiva". A fase entre os 18 meses e dois anos de idade exige paciência especial, pois as crianças podem rejeitar todo tipo de comida, até mesmo alimentos de que pareciam gostar até então. "Essa é uma fase normal do desenvolvimento. Os pais precisam esperar, mas continuar tentando."

Questão de tempo e dinheiro

Issanchou desaconselha que se force a criança a comer vegetais, pois, como todo mundo, elas têm sensibilidades diferentes a fatores como amargor e cheiro. "A criança não gostar de um vegetal não é tão crucial: tente lhe oferecer outro."

A diversidade também é uma chave, lembra Issanchou. As crianças podem "se cansar dos sabores", e os pesquisadores de Londres constataram que elas são bem mais dispostas a provar vegetais que não conhecem.

Mudar a forma de preparo e adicionar novos ingredientes também ajuda. Gahl sugere fazer purê dos legumes ou apresentá-los em espetinhos. "Mas é claro que isso exige tempo", e se ambos os pais trabalham em horário integral, o tempo pode ser escasso.

O estudo do University College aborda também a questão do preço. "Cada 100 gramas adicionais de frutas, legumes ou verduras implica custos alimentares adicionais de 0,18 a 0,29 euro por dia." Dietas ricas em gorduras e açúcar ainda são a opção mais barata para os consumidores, já que os vegetais são bem mais caros do que chocolate ou doces.

Além disso, empresas investem somas consideráveis para convencer que doces ou batatinhas fritas são a melhor opção alimentar, aponta Elio Riboli, diretor da Escola de Saúde Pública do Imperial College London.

"Por um lado, dizemos para os consumidores tentarem ter uma vida saudável; por outro, nós os bombardeamos com publicidade, convidando-os a beber e comer alimentos nocivos à saúde deles", exemplifica Riboli a posição de uma empresa. Talvez esteja na hora de admitir que a responsabilidade de comer de forma saudável é algo a ser dividido, afirma.