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Cinco objetos que a arqueologia não sabe para que servem

18 de junho de 2024

Brincos? Tambores? Ornamentos nasais? Projéteis? Ao longo da história, certos artefatos têm deixado os arqueólogos perplexos. Formas elaboradas e ornamentações intrincadas fornecem pistas fascinantes, porém incompletas.

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Dodecaedro romano
Dodecaedros romanos, dos anos 43 a 410, resistem entre grandes mistérios da arqueologiaFoto: Paul Fleet/Design Pics/IMAGO

No vasto campo da arqueologia, persistem descobertas que deixam questões em aberto, mesmo para os maiores peritos: apesar de todos os avanços, certos objetos seguem desafiando a compreensão contemporânea de certos costumes antigos.

Em artigo para o website The Conversation, a pesquisadora Natasha Harlow, do Departamento de Arqueologia da Universidade de Nottingham, examinou cinco desses artefatos enigmáticos.

Bolas neolíticas da Escócia

As esferas de pedra elaboradamente talhadas encontradas sobretudo na Escócia, em sepulturas e assentamentos, datam do Neolítico (Idade da Pedra), entre 3200 e 2500 a.C.. Com decorações que vão de espirais a formas concêntricas, raramente são idênticas ou formam parte de um conjunto.

Apesar de sua antiguidade e de estar claro que eram manipuladas, seu uso original permanece totalmente opaco. Harlow especula: "Eram mísseis para deter depredadores e pestes? Armas de guerra? Brinquedos? Ou talvez pesos de medida, adornos domésticos, dispositivos mnemotécnicos, rolamentos para mover megalitos, suportes para fios de tear?"

Bolas de pedra talhada da Escócia
Várias teorias circundam as bolas de pedra talhada da EscóciaFoto: Ashmolean Museum University of Oxford/Heritage Images/IMAGO

Dodecaedros romanos

Outro mistério são os dodecaedros datados entre os anos 43 e 410, na Grã Bretanha ocupada pelos romanos. Encontrados nas províncias noroeste do antigo império, eles são manufaturados em diversos tamanhos com liga de cobre. Fascinantes na forma, quase nunca apresentam sinais de desgaste que possam sugerir um uso específico, e a ausência de menções na arte ou literatura antigas sela seu mistério.

Dodecaedro romano
Dodecaedros foram encontrados nas províncias noroeste do antigo Império RomanoFoto: Artokoloro/IMAGO

Tambores neolíticos de giz

Em 1889 foram descobertos na tumba de uma criança em Folkton, no norte de Yorkshire, Inglaterra, três cilindros de giz esculpido. A decoração geométrica sugere o que parece serem olhos, narizes e sobrancelhas.

Em 1993 e 2015 foram encontrados em outras áreas da Inglaterra dois outros objetos, um simples, o outro altamente decorado. Um dos tambores de giz foi datado entre 3005 e 2890 a.C.. Apesar de seu apelido, é improvável que tenham sido usados como instrumentos de percussão, e não mostram sinais de desgaste mecânico.

Houve quem tentasse associar suas gravações a observações astronômicas. Contudo o fato de se encontrarem junto a crianças cuidadosamente sepultadas parece exigir uma explicação mais sensível.

Tambores neolíticos de giz esculpido
Apesar de apelidados "tambores", cilindros de giz da Inglaterra dificilmente terão servido como instrumento musicalFoto: GRANGER Historical Picture Archive/IMAGO

"Anéis-fechadura" da Idade do Bronze

A Idade do Bronze (1000 - 800 a.C.) se destaca por trabalhos de ourivesaria magistrais. Alguns dos pequenos "anéis-fechadura" encontrados, geralmente em pares, na Irlanda, Reino Unido e partes da França são lisos, outros trazem delicadas gravações geométricas.

Sugeriu-se que se trate de brincos ou ornamentos nasais ou para o cabelo. Segundo Natasha Harlow, a explicação é insatisfatória, pois "vários elementos de seu design os tornariam difíceis ou incômodos de usar".

Anéis-fechadura de ouro da Idade de Bronze
Apesar de belos, anéis-fechadura de ouro parecem incômodos demais para uso como joiasFoto: Colchester and Ipswich Museum Service

Almofarizes cosméticos romano-britânicos

Compostos por um morteiro oblongo e um pilão em forma de bastão ou curvo, como uma gangorra, os almofarizes cosméticos de liga de cobre da Grã-Bretanha datam de 100 a.C. a 200 d.C., durante domínio romano.

A forma de alguns sugerem aves aquáticas e bovinos, enquanto os motivos fálicos de outros suscitam associações com fertilidade. Provavelmente eram utilizados para preparar medicamentos, afrodisíacos, cosméticos ou narcóticos: aqui o mistério não é sua função, mas o conteúdo, que ainda não foi possível identificar.

Natasha Harlow aproveita a deixa para um lembrete aos arqueólogos amadores que encontrem objetos do gênero: resistir à tentação de limpá-los e levá-los diretamente a um perito.

av (DW,ots)