Combate à artrose
14 de maio de 2007Menos intervenções cirúrgicas e substancial redução de custos são algumas das vantagens da nova técnica desenvolvida pelos pesquisadores da Universidade de Lübeck. Ela visa a reparação do tecido cartilaginoso que reveste as articulações, absorvendo choques e facilitando o deslizamento, e cujo desgaste é responsável pela artrose.
O novo procedimento, denominado Amic (sigla em alemão para condrogênese induzida por matriz autóloga), já é empregado por clínicas de Hannover, Regensburg, Freiburg e Potsdam. Além de prometer uma economia de até 700% no tratamento cirúrgico da artrose, ele necessita somente de uma intervenção cirúrgica, em vez das três habituais.
Tratamento dispendioso
O procedimento até agora utilizado pelos cirurgiões ortopedistas denomina-se ACT (transplante autólogo de condrócitos). Primeiro, retira-se tecido cartilaginoso de outras partes do corpo. Este é tratado por firmas especializadas, com o objetivo de elevar ao máximo o número da cultura de condrócitos, células contidas neste tecido.
O ACT exige mais duas intervenções cirúrgicas. Retira-se periósteo do paciente, membrana fibrosa que reveste o osso externamente, que é depositado sobre o joelho defeituoso como uma espécie de travesseiro. As culturas de condrócitos são então ali injetadas. Finalmente, o conjunto é envolto com cola de fibrina, uma proteína que age como um aderente.
Sobre este "travesseiro" cresce o novo tecido, semelhante ao cartilaginoso. O crescimento é apoiado com colágeno animal – a proteína mais comum entre os mamíferos. O colágeno utilizado pelos cirurgiões é produzido industrialmente, em geral a partir de pele de gado. Ele se assemelha a uma esponja e serve de estrutura para as novas células.
O problema neste tipo de procedimento está no preço: 3,5 a 7 mil euros, sem contar os custos da cirurgia.
Células-tronco mesenquimais
A nova técnica Amic também envolve colágeno. Com um martelo cirúrgico fazem-se pequenos furos nos ossos cujo tecido cartilaginoso está desgastado. O resultado são pequenos sangramentos da medula que contém células-tronco mesenquimais. Sobre o conjunto é aplicada então a esponja de colágeno, na medida da superfície desgastada.
Peter Behrens, cientista da Universidade de Lübeck, desenvolveu o novo procedimento. Ele explica ainda que "utiliza-se, adicionalmente, uma pequena quantidade de plasma do paciente, pois ele contém um fator de crescimento que leva as células-tronco dos ossos a se tornarem células cartilaginosas".
Técnica fascinante
A reparação funciona como uma camada de asfalto e deve ser trocada depois de três a cinco anos. "Posso fazê-lo quantas vezes for necessário", explica Behrens.
O cientista acrescenta que o fascínio desta técnica é que "ativamos nossas próprias células". A técnica do transplante das células da medula para o tratamento de pacientes com leucemia é agora utilizada para tratar defeitos do tecido cartilaginoso.
Em vez de três cirurgias, somente uma é agora necessária e os custos são reduzidos para cerca de mil euros. Centenas de pacientes foram tratados, com sucesso, pelo novo procedimento. (dk/ca)