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Chuvas no Sul do Brasil: 47 mortos e prejuízo de R$ 1,3 bi

Publicado 6 de setembro de 2023Última atualização 10 de setembro de 2023

Quarto ciclone extratropical desde junho deixou rastro de destruição em 88 municípios do Rio Grande do Sul. Mais de 15 mil estão desalojados ou desabrigados, e outras dezenas de pessoas seguem desaparecidas.

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Moradora recolhe pertences após ter a casa totalmente destruída por enchentes em Muçum, no Rio Grande do Sul; ao fundo, um mar de destroços e lama.
Moradora recolhe pertences após ter a casa devastada por enchentes em Muçum, no Rio Grande do Sul; evento é possivelmente a pior catástrofe natural na história do estadoFoto: DIEGO VARA/REUTERS

As fortes chuvas causadas pela passagem, no início deste mês de setembro, de mais um ciclone extratropical pela região Sul do Brasil deixaram um saldo de 47 mortos, segundo dados oficiais atualizados desta terça-feira (12/09).

É a pior tragédia natural a se abater sobre o estado, segundo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

Outras 46 pessoas seguem desaparecidas, nos municípios gaúchos de Muçum, Lajeado e Arroio do Meio, e mais 224 estão feridas.

As áreas mais afetadas pelas chuvas estão Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, estado que contabiliza 43 óbitos – houve outra morte em Santa Catarina –, cerca de 3.800 desabrigados e outros mais de 11.600 desalojados, além de mais de 150 mil pessoas afetadas pelas chuvas e inundações.

Segundo a Defesa Civil gaúcha, 16 das 43 mortes no estado ocorreram em Muçum, onde as chuvas inundaram grande parte do município e muitos moradores foram obrigados a se refugiar nos telhados. 

Há registros de danos em 88 municípios gaúchos, e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) calculou os prejuízos em R$ 1,3 bilhão. Um relatório preliminar da Secretaria de Desenvolvimento Rural gaúcha contabiliza 4.456 quilômetros de estradas danificadas, além de diversas perdas para o setor agropecuário.

Alckmin e ministros visitam região afetada

Neste domingo (10/09), o presidente interino da República, Geraldo Alckmin (PSB), desembarcou no estado na companhia dos ministros: José Múcio (Defesa), Nísia Trindade (Saúde), Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Paulo Pimenta (Secom), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima). A comitiva é acompanha pelo governador Leite.

O presidente interino da República, Geraldo Alckmin (PSB), olha de dentro da janela do avião presidencial
O presidente interino da República, Geraldo Alckmin (PSB), viajou ao Rio Grande do Sul para se inteirar dos estragos causados pela chuvaFoto: Cadu Gomes/VPR

O governo federal anunciou o repasse de R$ 239 milhões para o fornecimento de alimentos e prestação de serviços socioassistenciais, aí incluso auxílios a desabrigados e pequenos agricultores. Há ainda a previsão de outros R$ 14,9 bilhões em recursos, até 2026, para prevenção de desastres naturais no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Parte dos R$ 239 milhões anunciados pelo governo federal contemplam o envio de 20 mil cestas básicas e o repasse, via prefeituras, de até R$ 800 por desabrigado – valor destinado a despesas básicas como alimentação, acomodação e produtos de higiene. A primeira parcela, no valor de R$ 400, deve começar a ser paga aos municípios na segunda-feira.

O governador Leite também anunciou a liberação de R$ 1 bilhão em financiamento por meio do banco estatal Banrisul. A verba é majoritariamente destinada a empréstimos para prefeituras, contemplando ainda os setores agrícola e imobiliário. Além disso, foi anunciada a liberação de R$ 1,5 milhão em horas-máquina para auxiliar no trabalho de reconstrução em Muçum e em Roca Sales.

Vista aérea de Lajeado, no Rio Grande do Sul, mostra casas e ruas inteiras submersas
Vista aérea de Lajeado, no Rio Grande do Sul: chuvas causaram prejuízo estimado de R$ 1,3 bilhão, segundo a Confederação Nacional dos MunicípiosFoto: DIEGO VARA/REUTERS

Estado de calamidade e volume anormal de chuvas

O Rio Grande do Sul está oficialmente em situação de calamidade pública. A medida facilita o acesso a recursos públicos por parte dos municípios afetados para que eles possam reagir à catástrofe.

As chuvas que vêm caindo na região desde a última segunda-feira (04/09) causaram inundações letais que arrasaram cidades, derrubaram pontes, destruíram casas e geraram prejuízos a comerciantes e agricultores e pecuaristas. Bloqueios de estradas deixaram comunidades inteiras isoladas. O mau tempo também interrompeu o fornecimento de energia e a internet em algumas áreas.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apontam que o volume de chuva acumulado em apenas oito dias superou a média do estado para todo o mês de setembro.

Presidente na Índia para participar do G20

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que viajou à Índia na sexta-feira para participar da cúpula do G20, foi criticado por não ter viajado ao Rio Grande do Sul pessoalmente. 

Em Nova Delhi, ao assumir oficialmente a presidência do grupo, o petista citou a tragédia gaúcha. No dia anterior, ele já havia cobrado de países ricos mais recursos para o enfrentamento das mudanças climáticas.

RS enfrenta quarto ciclone extratropical desde junho

O ciclone extratropical de setembro é o quarto a atingir o Rio Grande do Sul desde junho, quando outro ciclone causou a morte de 16 pessoas. Em julho, o fenômeno se repetiu, deixando três mortos e cerca de 1 milhão de pessoas sem eletricidade. Um terceiro ciclone passou em agosto, sem deixar grandes danos. 

ra/ip/as/le (Agência Brasil, Lusa, ots)