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Chefe de segurança cibernética da Alemanha é demitido

18 de outubro de 2022

Governo alemão menciona "perda de confiança" em Arne Schönbohm, que chefiava agência desde 2016. Demissão ocorre após reportagem revelar supostos laços dele com companhia ligada ao serviço secreto russo.

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Arne Schönbohm
Arne Schönbohm chefiava a BSI desde 2016, quando foi nomeado para o cargo no governo MerkelFoto: Rolf Vennenbernd/dpa/picture alliance

O ministro do Interior da Alemanha anunciou nesta terça-feira (18/10) a demissão do chefe da Autoridade Federal de Segurança Cibernética (BSI, na sigla em alemão), Arne Schönbohm.

Ela ocorre pouco mais de uma semana depois de uma reportagem da emissora ZDF levantar questionamentos sobre antigos laços de Schönbohm com uma empresa ligada ao serviço secreto russo.

No anúncio, um porta-voz do ministério disse que as informações divulgadas na reportagem "prejudicaram permanentemente a confiança pública necessária na neutralidade e imparcialidade do desempenho de suas funções na mais importante autoridade alemã de segurança cibernética".

"Isso se aplica ainda mais na atual situação de crise em relação à guerra híbrida russa", afirmou o porta-voz. Por outro lado, a pasta informou que as investigações sobre a conduta de Schönbohm ainda não foram concluídas.  "À espera da conclusão desta investigação, a presunção de inocência se aplica, naturalmente, à pessoa de Schönbohm", frisou o ministério.

Ainda não foi decidido quem será seu sucessor. A BSI tem 1.500 funcionários, cuja função é garantir a segurança cibernética e de comunicações do Estado alemão.

Schönbohm havia assumido o comando da agência de segurança cibernética da Alemanha em 2016, durante o governo da ex-chanceler federal Angela Merkel.

Rússia

Sua queda começou a se desenhar após o programa do comediante Jan Böhmermann, da emissora ZDF, abordar suas ligações com uma associação chamada Cyber-Sicherheitsrat Deutschland (Conselho de Cibersegurança da Alemanha, ou CSRD). Schönbohm havia cofundado essa associação de lobby uma década antes para assessorar empresas, agências governamentais e autoridades políticas em assuntos de segurança cibernética.

Segundo a ZDF, entre os membros listados da associação estava uma empresa de segurança cibernética com sede em Berlim, a Protelion, que era conhecida como Infotecs até março, uma subsidiária de uma empresa russa fundada por um ex-funcionário da KGB que recebeu por serviços prestados ao governo do presidente russo, Vladimir Putin.

"A empresa russa Infotecs, que quer proteger nossa infraestrutura crítica de ataques cibernéticos russos, trabalha com serviços de inteligência russos", disse Böhmermann em seu programa. "Os agentes russos usam a Infotecs, que sob o nome Protelion GmbH vende software de segurança para empresas alemãs."

Embora o programa não alegue que Schönbohm continuou a manter laços estreitos com a Protelion depois de se tornar chefe de cibersegurança do governo alemão, a reportagem levantou questionamentos sobre seu julgamento. Reportagens também mostraram que Schönbohm não havia se distanciado totalmente da CSRD e que compareceu ao aniversário de dez anos da associação no início de setembro.

Após as revelações da ZDF, a CSRD excluiu a Protelion de sua lista de membros, mas rejeitou as acusações de influência russa no grupo. "As ações da Protelion GmbH são uma violação dos objetivos da CSRD", disse o atual presidente da associação, Hans-Wilhelm Dünn.

Mas o dano já estava feito. Várias empresas, como a desenvolvedora de software TeamViewer e a empresa de energia E.ON, pediram desfiliação da associação.

jps (ots)