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Bélgica condena autores de ataques terroristas em Bruxelas

26 de julho de 2023

Atentados na capital belga em 2016 deixaram 35 mortos, meses após os violentos ataques em Paris. Juízes condenam seis dos dez suspeitos por assassinato, no maior julgamento criminal da história da Bélgica.

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Policias mascarados em uma cela de vidro que recebeu os réus do julgamento dos ataques terroristas em Bruxelas, em 2016.
Seis suspeitos foram considerados culpados da acusação de assassinato associado a terrorismoFoto: Olivier Matthys/Pool/REUTERS

Um tribunal em Bruxelas condenou nesta terça-feira (25/07) por assassinato seis dos dez envolvidos nos atentados terroristas na capital belga em 2016, que deixaram 35 mortos e centenas de feridos. Outros dois foram condenados por participar em atos de terrorismo.

Entre os condenados estão o francês Salah Abdeslam e o belga-marroquino Mohamed Abrini. Ambos já haviam sido condenados à prisão perpétua na França pelo envolvimento nos ataques terroristas em Paris, em 2015.

Os seis foram considerados culpados da acusação de assassinato associado ao terrorismo, no maior julgamento criminal já realizado na Bélgica. As penas a serem cumpridas serão decididas em setembro. Segundo a agência de notícias Belga, três suspeitos de envolvimento nos ataques foram inocentados dessa acusação.

Acredita-se que um dos acusados no caso, Oussama Atar, teria morrido na Síria. Ele foi julgado e condenado à revelia.

O júri também decidiu condenar os seis réus pelas mortes de três pessoas ocorridas depois dos ataques, após longos períodos de doenças ou por suicídio, elevando o número de mortos nos atentados de 32 para 35.

Além das acusações de assassinatos associados ao terrorismo, os dez réus foram condenados por tentativa de assassinato e participação em organização terrorista. Os dois suspeitos inocentados da primeira acusação receberam penas de entre 10 e 30 anos de prisão por seus papéis nos ataques de 2015 em Paris.

Os condenados

Os atentados suicidas realizados em 22 de março de 2016 tiveram como alvo o aeroporto de Bruxelas e uma estação de metrô no centro da cidade. Os ataques ocorreram em um momento em que a Europa estava em alerta para evitar novos massacres, após o ocorrido em Paris no ano anterior, quando 130 pessoas foram mortas.

Salah Abdeslam, de 33 anos, é o mais conhecido dos acusados. Ele é o único sobrevivente do grupo que realizou os ataques em Paris, após os quais fugiu para Bruxelas, onde ficou meses foragido, escondido em um apartamento de colegas de uma célula jihadista local.

Abdeslam também foi condenado a 20 anos de prisão em outro julgamento, por ter atirado em um policial pouco antes de ser preso em Bruxelas, em 2016, vários dias depois dos atentados na capital belga.

Mohamed Abrini estava entre o grupo de terroristas suicidas que tinha como alvo o aeroporto e a estação de metrô. Ele afirmou no julgamento ter decidido no último minuto não detonar os explosivos que carregava consigo, abandonando-os depois de chegar ao aeroporto.

O mesmo teria sido feito por Osama Krayem, um sueco de ascendência síria. Ele também foi um dos seis condenados por assassinato, juntamente com Ali El Haddad Asufi, Bilal El Makhoukhi e Oussama Atar.

Fracassos das autoridades

O anúncio dos vereditos nesta terça-feira encerrou um dos capítulos mais dolorosos da história recente da Bélgica. O julgamento, que durou nove meses, foi realizado sob um forte esquema de segurança na antiga sede da Otan em Bruxelas.

No tribunal, estiveram presentes em torno de 900 vítimas e denunciantes, incluindo vários sobreviventes que sofreram danos longevos físicos ou psicológicos, familiares dos mortos e membros dos serviços de segurança que atuaram no dia dos atentados.

Antes dos ataques em Paris e Bruxelas, vários dos acusados eram vigiados pelas autoridades belgas, que foram duramente criticadas pelo fracasso em evitar os atentados.

Associações de vítimas dos ataques vêm se queixando nos últimos anos do apoio insuficiente ou demasiadamente lento por parte do Estado.

rc (AFP, DPA, Reuters)