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Bush mobiliza democratas no exterior

Michael Knigge (sm)13 de fevereiro de 2004

Democratas norte-americanos residentes na Alemanha escolhem o concorrente de Bush.

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O candidato dos Democrats Abroad Germany é John Kerry

Ron Schlundt tem muito o que fazer. O presidente dos Democrats Abroad Germany, a representação alemã da Organização Internacional do Partido Democrata, estava ocupado até o início de fevereiro com listagens e apuração de votos. Afinal, no domingo (8) foram realizadas pré-eleições não apenas no Estado norte-americano de Maine, mas também em Berlim, Frankfurt e Kaiserslautern. Dois dias antes, adeptos dos democratas já tinham escolhido seus candidatos em Heidelberg e Gőttingen. As pré-eleições realizadas na Alemanha, nos moldes de Iowa, foram encerradas em Munique, na segunda-feira (9). No fim de fevereiro, será realizado o caucus - a assembléia eleitoral - geral da Alemanha, e Edinburgh será a sede do caucus internacional, em março.

O resultado das votações na Alemanha indicam que os democratas locais acompanham a tendência de seus correligionários nos EUA. O candidato vencedor dos caucuses alemães é John Kerry, imediatamente seguido por Howard Dean. Enquanto nos EUA as votações se realizam geralmente em escolas e edifícios públicos, o caucus de Kaiserslautern, por exemplo, ocorreu no apartamento de Schlundt. Afinal, o eleitorado local é bem menor do que nos EUA, consistindo em grande parte de famílias de militares e negociantes. "De trinta a quarenta pessoas vieram votar na minha casa", diz Schlundt rindo. "As coisas vão indo bem."

Sem voto em trânsito

Em Heidelberg e Berlim, os maiores distritos dos "democratas alemães", seguidos por Kaiserslautern, o movimento foi bem mais intenso. Na capital, o caucus foi realizado num American diner, como de costume, e em Heidelberg, num restaurante. Cerca de 200 dos 1500 eleitores democratas norte-americanos na Alemanha foram às urnas. "Não é possível votar em trânsito, em se tratando de um caucus. É por isso que todos tiveram que comparecer aos locais de votação, mesmo morando em Leipzig ou Colônia", justifica Schlundt a participação eleitoral relativamente baixa.

"A participação foi dez vezes maior do que nas últimas eleições", explicou o líder democrata que, quando não está organizando caucuses, dá aula de História numa universidade americana na Alemanha. Para ele, o motivo de uma participação maior é o presidente Bush: "Muitos democratas são tão contra George Bush, que não precisam de mais nada para se mobilizar".

Guerra contra o Iraque domina

Isso não se aplica apenas à Alemanha. Em muitos dos outros 40 países onde se realizaram pré-eleições nos últimos dias, o movimento foi maior do que o esperado. "A guerra do Iraque foi provavelmente a coisa mais importante para nossos correligionários", ressalta Schlundt. "A maioria era contra a guerra. É por isso que Dean ficou popular durante tanto tempo."

Mas não é apenas a política internacional que interessa aos eleitores democratas no exterior. Os problemas cotidianos que enfrentam por morar em outro país também são decisivos. "Estando na Alemanha, não somos beneficiados pela previdência, nem pelos convênios de saúde, nem pelo salário-desemprego dos EUA", constata Schlundt, acrescentando que será muito difícil mudar este quadro.

Howard Dean
Howard DeanFoto: AP

Apesar de serem uma pequena organização, os Democrats Abroad são ouvidos dentro do partido: "Conseguimos falar com quase todos os candidatos em Washington, fizemos diversas reuniões por telefone e Howard Dean compareceu ao nosso jantar oficial", declarou Schlundt.

Na convenção de nomeação do candidato à presidência, a ser realizada em julho de 2004, em Boston, os democratas que vivem no exterior têm direito de voto e serão representados como qualquer Estado norte-americano. Com uma cota de nove votos, eles evidentemente não são tão relevantes como estados grandes do porte da Califórnia (370 votos), por exemplo. Mas pelo menos têm uma influência maior do que os territórios norte-americanos de Virgin Islands (4) e American Samoa (6).

Derrota no exterior, nunca mais

A principal razão de se abrirem as portas para os Democrats Abroad em Washington se remete a quatro anos atrás. Afinal, a vantagem mínima com que Bush venceu as eleições presidenciais foi conquistada com os votos do exterior. Cerca de sete milhões de americanos vivem fora dos EUA - bem mais do que a população de estados menores como Maine, Nebraska ou Nevada. "É um reduto potencial de eleitores que pode se tornar decisivo, quando a disputa for apertada", lembra Schlundt. O que o Partido Democrata espera é que suas organizações no exterior consigam conquistar o maior número de votos nas eleições de novembro.