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Bundestag aprova Orçamento de 2024 após meses de impasse

2 de fevereiro de 2024

Parlamento alemão endossa fim escalonado dos subsídios ao diesel agrícola, decidido pelo governo após Justiça impor contingenciamento de gastos. Medida desencadeou protestos de fazendeiros em todo o país.

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Os minstros Christian Lindner e Robert Habeck ao lado do chanceler Olaf Scholz no Bundestag
Coalizão de governo teve de negociar soluções para readequar o Orçamento após revés na Justiça Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

O Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) aprovou nesta sexta-feira (02/02) Orçamento federal para o ano de 2024, incluindo a redução escalonada do subsídio ao diesel para veículos agrícolas, que foi o estopim de uma série de protestos de fazendeiros em toda a Alemanha.

O Orçamento de 477 bilhões de euros (R$ 2,55 trilhões), aprovado por 338 votos contra 279, inclui o valor de 39 bilhões de euros (R$ 209,2 bilhões) que corresponde exatamente ao limite chamado no país de "freio da dívida", o mecanismo que restringe o déficit orçamentário da Alemanha a 0,35% do PIB.

A proposta recebeu o apoio dos três partidos da coalizão governista – o Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz; o Partido Liberal Democrático (FDP) e os Verdes –, que trabalharam nos últimos meses para tentar pôr fim a um impasse gerado por uma decisão do Tribunal Constitucional da Alemanha que inviabilizou a proposta do governo para o Orçamento de 2024.

Meses de negociações

A crise teve início em 15 de novembro, quando o Tribunal Constitucional determinou que o Orçamento alemão de 2024, que deveria ter sido aprovado em dezembro do ano passado, violava regras do "freio da dívida".

O tribunal, após ser acionado pela oposição conservadora, barrou os planos do chanceler de direcionar 60 bilhões de euros (R$ 321,9 bilhões) de sobras de um fundo de emergência instituído durante a pandemia para um fundo climático e de transformação, que visava fomentar uma revolução verde na Alemanha e modernizar a indústria do país.

Tratores e fazendeiros ocupam avenida em Berlim. Ao fundo, o Portão de Brandemburgo
Fim dos subsídios ao diesel agrícola desencadeou protestos de fazendeiros em toda a AlemanhaFoto: Florian Gaertner/photothek/IMAGO

Em 2021, a própria costura da coalizão do governo Scholz havia sido montada sobre a premissa que o governo seria capaz de contornar o freio e usar esses fundos para projetos defendidos pelos diferentes partidos que compõem o governo.

Fim dos subsídios

Após a decisão do tribunal, o governo teve de negociar soluções para readequar o Orçamento e deslocar fundos. O SPD, o FDP e os Verdes concordaram com um programa econômico que inclui, entre outros pontos, aumento de impostos sobre voos comerciais e o fim escalonado do subsídio ao diesel para veículos agrícolas – esta última desencadeou uma onda de protestos em todo o país.

Após forte pressão, o governo alemão acabou cedendo parcialmente aos agricultores e atrasando o fim dos subsídios para 2026, o que não serviu para aplacar a insatisfação do setor.

rc/ra (AFP, ots, DPA)