Ciência teuto-brasileira
7 de março de 2010Uma gigantesca torre no meio da floresta amazônica: a construção de 300 metros de altura vai ajudar cientistas a entender melhor o clima. O projeto batizado como ATTO (Amazonian Tall Tower Observatory) vai analisar a relação entre clima, química da atmosfera e o ecossistema amazônico.
O investimento de 8,4 milhões de euros será custeado igualmente pelo Brasil e pela Alemanha – pesquisadores alemães do renomado Instituto Max-Planck, de Mainz, estão envolvidos. E esse é apenas um dos projetos da parceria anunciada pelos dois países.
A cooperação científica entre Brasil e Alemanha já tem 40 anos de história. E para intensificar as relações, a chanceler federal alemã Angela Merkel e o presidente Lula firmaram para 2010 e 2011 o Ano da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Iniciativa no momento certo
O momento para essa parceria não poderia ser mais apropriado. É o que pensa Ademar Seabra Cruz Júnior, diplomata brasileiro da divisão de Ciência e Tecnologia. "Nos últimos anos, o Brasil, juntamente com outros países em desenvolvimento, passou por um processo de estabilização científica e política. Atualmente, o país atravessa um processo de maturação. Por isso, essa parceria é muito bem-vinda."
Os países parceiros decidiram investir em questões relevantes, como mudanças climáticas e escassez de recursos naturais.
Hartmut Gaese é coordenador científico do projeto Dinario, desenvolvido entre os dois países. Ele ressalta a importância do intercâmbio científico: "É urgente trabalhar em parceria com regiões como o Brasil, porque a demanda por recursos crescerá e o nosso futuro depende da maneira sustentável com que exploramos os recursos."
Os jovens cientistas também estão em posição de destaque. O intercâmbio entre estudantes e jovens pesquisadores terá bastante incentivo dentro da programação, especialmente no ramo da tecnologia. Parcerias também devem ser firmadas entre empresas no âmbito da pesquisa, ciência e política.
Uma das metas do Ministério alemão de Desenvolvimento é tornar conhecidos todos os centros de pesquisa da Alemanha e do Brasil.
Irina Ehrhardt, à frente do departamento ministerial para América do Sul, esclarece seu ponto de vista: "Por meio desta experiência do Ano da Ciência, pretendemos estreitar o nosso vínculo e melhorar o entendimento mútuo. Com isso, vamos atingir um outro nível de cooperação, bem como uma boa relação entre os dois países."
Cooperação com tradição
A cooperação entre Brasil e Alemanha no campo científico tem uma longa tradição. Enquanto a Alexander Humboldt foi recusada uma viagem ao Brasil ainda colônia, seu colega von Martius (1794-1868) teve mais sucesso.
O botânico explorou o país e trouxe de volta a Munique exemplares de animais conservados para colocar em exposição. O acervo coletado por Martius compreendia 90 mamíferos, 350 aves, 130 anfíbios, 120 peixes, 2.700 insetos e 6.500 plantas – e até hoje pode ser visitado na capital bávara.
Duzentos anos depois, a importância dos animais empalhados diminuiu, mas cresceu o interesse por uma busca coletiva de soluções para questões globais e científicas.
José Monserrat Filho coordena o departamento internacional no Ministério brasileiro de Ciência e Tecnologia. Ele tem metas ambiciosas: "Se realizarmos um Ano da Inovação com grande sucesso, os resultados poderão ter valor histórico. Poderá vir a ser um desses eventos considerados como marco entre o antes e o depois."
No começo de abril, a ministra alemã de Educação e Pesquisa Annette Schavan é esperada no Brasil para abrir o Ano da Ciência juntamente com o ministro brasileiro Sérgio Rezende. A presença do presidente do Lula ainda não está confirmada. Mas um ponto já está claro para todos: motivo para comemorar é o que não falta.
Autora: Anna Pellacini (np)
Revisão: Simone Lopes