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Bolsonaro e Zelenski conversam sobre grãos e sanções

18 de julho de 2022

Foi o primeiro telefonema entre presidentes do Brasil e Ucrânia desde início da guerra. Zelenski pede apoio a sanções contra Rússia, mas Bolsonaro mantém postura não alinhada enquanto negocia compra de diesel com Moscou.

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Imagens de Zelenski e Bolsonaro
Zelenski e Bolsonaro não haviam conversado desde o início da invasão russa à UcrâniaFoto: Ukraine Presidency/Adriano Machado/IMAGO/REUTERS

O presidente Jair Bolsonaro teve uma conversa por telefone nesta segunda-feira (18/07) com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. Segundo o ucraniano, ambos falaram sobre medidas para desbloquear as exportações de trigo da Ucrânia, cujo escoamento está prejudicado pela invasão russa. Zelenski também frisou a importância de mais países aderirem às sanções do Ocidente contra a Rússia

"Tive uma conversa com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Informei sobre a situação no front. Discuti a importância de retomar as exportações de grãos para evitar uma crise global de alimentos provocada pela Rússia. Peço a todos os parceiros que se unam às sanções contra o agressor", escreveu Zelenski no Twitter.

Crise mundial de alimentos

Neste período do ano, a Ucrânia normalmente exporta de 6 milhões a 7 milhões de toneladas de grãos por mês. Em junho, contudo, a "grande cesta de pão do mundo", como costuma ser chamada, só pôde embarcar 2,2 milhões de toneladas, segundo a Associação Ucraniana de Cereais. Outras 22 milhões de toneladas da safra de 2021 estão retidas devido à guerra.

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas expressou preocupação especial com o impacto do bloqueio da exportação de alimentos sobre a fome na África. Há iniciativas e negociações em andamento para aumentar a exportação de grãos ucranianos por meio da Polônia, e a Turquia também se ofereceu para buscar uma alternativa conjunta para o problema, ainda sem solução à vista.

No final de junho, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que a Rússia comete um "crime de guerra" ao bloquear a exportações de grãos da Ucrânia, o que Moscou nega estar fazendo. Alguns analistas avaliam que a Rússia pretenderia usar o aumento da fome mundial como uma forma de pressionar os líderes do Ocidente a retirar o apoio à Ucrânia na guerra.

Postura de Bolsonaro sobre o conflito

Desde o início da guerra na Ucrânia, Bolsonaro vem tentando manter uma posição não alinhada aos interesses de Moscou ou de Kiev. O presidente brasileiro tem uma relação amistosa com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem se reuniu em Moscou poucos dias antes do início da guerra, e não chegou a condenar a invasão russa do país vizinho como os países ocidentais – mas tampouco faz críticas duras às sanções do Ocidente aplicadas contra Moscou, como a China

Foi a primeira vez que Bolsonaro e Zelenski conversaram, desde o começo da guerra, em 24 de fevereiro. O governo brasileiro não divulgou detalhes sobre o telefonema.

No início de julho, Bolsonaro e o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disseram que o Brasil quer comprar diesel da Rússia, e que um acordo estaria sendo negociado com o país para adquirir o combustível a um preço mais baixo, em dois meses. Neste domingo, Bolsonaro afirmou que essas negociações estavam bastante avançadas, sem dar maiores detalhes.

bl/av (ots)