Bicicleta de papelão contrasta com modelos de luxo em mercado aquecido
30 de março de 2013O Futurando desta semana mostrou bicicletas elétricas de altíssima tecnologia desenvolvidas pela empresa alemã PG Bikes para um público que não se importa com o preço. A Blacktrail, que tem produção limitada, pode sair por mais de 150 mil reais a unidade. Mas a tecnologia também pode ser usada de forma inversa e tornar o transporte alternativo muito mais barato. É o caso da inusitada bicicleta de papelão, desenvolvida por um israelense, e que pode custar cerca de 20 reais a unidade.
O empreendedor Izahr Gafni sempre gostou de bicicletas e tinha o ciclismo como hobby. Um dia, ao comprar peças de reposição, ouviu a história de alguém que teria construído uma canoa de papelão. Intrigado com a possibilidade, foi pesquisar uma maneira de adaptar o material ao ciclismo. A história é contada em um vídeo promocional da bicicleta. Nele, Gafni fala ainda que encontrou pouca informação de como trabalhar o papelão, exceto para fazer caixas.
Durante o processo de construção, o maior desafio de Gafni foi reduzir as fraquezas do material. “Na verdade, os primeiros protótipos se pareciam com caixas sobre rodas”, descreve. Primeiro, ele trabalhou na estabilidade e depois foi em busca de um design mais bonito. O modelo foi sendo aperfeiçoado pouco a pouco até chegar à versão que Gafni pilota no vídeo: leve, impermeável e resistente. O corpo da bicicleta é feito de papelão. Algumas partes plásticas foram desenvolvidas a partir de plástico reciclado. As poucas peças metálicas do modelo original são reaproveitamento de peças de automóvel. Atualmente, a ideia se transformou em negócio, e Gafni está empenhado na produção em escala da bicicleta.
Para montar
Outra ideia curiosa transforma a bicicleta em um modelo de montar, e as peças vêm dispostas em cartelas como aeromodelos. O designer holandês Jurgen Kuipers desenvolveu uma bicicleta de madeira chamada Sawyer e customizou kits para a montagem do modelo do projeto “1:1 scalemodel”. Quem compra a caixa, encontra 100% do material necessário para montar a própria bicicleta.
Já o artista Jimmy Kuehnle transformou a bicicleta em escultura. Ele criou um modelo transparente, exceto pelas rodas, pela corrente e pelo pedal, e fez performances pelas ruas de San Antonio, no Texas, Estados Unidos. O modelo inusitado foi feito a partir de chapas de vidro à prova de bala e, como o próprio artista definiu, representa uma dualidade: “A bicicleta existe em uma realidade dual, como escultura e como meio de transporte”.
Sofisticação
Modelos exoticos à parte, a sofisticação parece ser uma tendência no mercado das bicicletas. Empresas famosas do setor automotivo têm colocado a tradição de suas marcas à prova sobre duas rodas. Dirigir uma Ferrari não significa necessariamente emitir gases do efeito estufa. A escuderia italiana associou-se à fabricante de bicicletas Colnago, que criou modelos exclusivos com a marca dos cavalinhos, sempre em edições limitadas.
Ja a BMW, por exemplo, fez sua estreia no mercado das bicicletas elétricas em 2009 e neste ano lançou um novo modelo da Cruise. Apenas mil unidades foram produzidas para o mercado alemão, e a montadora não anunciou o preço da bicicleta de apenas 24 quilos, motor de 250 W e freios a disco. Com a propulsão a pedal, a bicicleta chega a 25 quilômetros por hora, mas vai a 85 km/h com o motor em funcionamento.
O modelo criado pela fabricante suíça BMC para a Lamborghini não tem motor, mas promete eficiência nas pistas. A marca dos carros de luxo liberou apenas 50 unidades da bicicleta por ocasião dos seus 50 anos, todos produzidos sob encomenda, a partir de 65 mil reais a unidade. O preço é uma fração do que custa um carro da marca, mas é bem mais do que qualquer modelo popular produzido por outra tradicional montadora italiana. Afinal, nestes casos, andar de bicicleta pode ser uma questão de estilo e não de economia.